3 de outubro – Sind-UTE/MG na Greve Nacional da Educação Superior

 “Agora unificou, é estudante junto com trabalhador.” Com cartazes, faixas e essas palavras de ordem, milhares de estudantes, educadores, educadoras e comunidade escolar manifestaram contra os ataques à educação pública nos âmbitos federal e estadual.

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) marcou presença no ato da Greve Nacional da Educação Superior, no último dia 3/10/2019, em Belo Horizonte, e levantou as bandeiras de luta da educação no Estado.

A manifestação foi um momento de denúncia aos cortes que a educação sofre tanto no Estado, pelo governador Romeu Zema, como na Presidência da República, pelo governo Bolsonaro. Só de recursos federais congelados foram mais de R$ 6 bilhões, o programa “Future-se” propõe a privatização das universidades públicas e cobrança de mensalidade, e o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, incentiva a perseguição contra a liberdade de ensino.

O governador do Estado fechou 225 salas de aula com a de fusão de turmas e descumpre o mínimo constitucional de repasse dos 25% da receita corrente líquida para a educação.

A coordenação-geral do Sind-UTE/MG aproveitou o momento para reiterar o repúdio às agressões sofridas por uma professora de Franciscópolis, no Vale do Jequitinhonha. “A violência que acontece na rede estadual é reflexo de uma política que precariza a educação e adoece a categoria. Por isso, precisamos estar aguerridas na luta e cobrar do governo do Estado uma resposta a essa situação.”

O Sind-UTE/MG ressaltou que o governador Zema não paga o Piso Salarial à categoria, ainda que seja um direito respaldo pela Constituição Federal, na Lei est. 21.710, e pela Legislação Estadual.  Também pontuou o corte de mais de 40 mil vagas na Educação Integral e criticou a postura privatista, com a proposta venda da Cemig, Copasa e Codemig.

No mesmo dia do ato, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) finalizou uma paralisação de 48h junto aos estudantes, o que se somou à presença dos/as trabalhadores/as dos Correios, que seguem em estado de greve há mais de 15 dias por reajustes salariais e contra a venda da estatal.

Saindo da Praça Afonso Arinos, no centro da capital mineira, a manifestação seguiu para a Avenida Afonso Pena e as ruas foram ocupadas pela resistência. Em frente ao Palácio das Artes, com luzes dos celulares acesas, estudantes ecoaram o grito em defesa das artes, da cultura e da música popular.

 

Estudantes pela liberdade de ensino

 Há mais de dois anos, a bancada conservadora de vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CBM) tenta aprovar o Projeto de Lei 274/17 denominado “Escola Sem Partido”. Durante o ato, foi anunciada uma conquista coletiva da militância estudantil no estado.

Graças à ocupação de alunos e alunas na CMBH, na tarde do dia 3 de setembro, a votação do PL foi adiada pela terceira vez consecutiva. A notícia foi muito celebrada entre os/as manifestantes, já que a proposta persegue a liberdade de ensino, quando determina que professores/as não incentivem alunos/as a participarem de manifestações ou passeatas e proíbe o debate sobre questões políticas, ideológicas, religiosas e de gênero nas escolas.

Em coro, todos e todas gritaram: “Não vão nos calar, Escola Sem Partido é ditadura militar!”

 

A luta unificou

 A Greve Nacional da Educação Superior unificou várias pautas de luta e contou com a presença de representantes do funcionalismo público e de movimentos sociais.

“Minas Gerais é o estado que mais tem universidades e institutos federais em todo o Brasil. Nossa tarefa é defender os espaços de produção de conhecimento, que nos ensinam o caminho mais correto para desenvolver o país”, disse a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino de MG (Sindifes/MG), Cristina del Papa.

Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG), Jairo Nogueira, a luta trabalhista é a luta da educação. “Juntos e juntas somos mais fortes. Defendemos todos os serviços públicos, seja pelo ensino gratuito, saneamento, água, seja pela energia, porque a privatização destes só vai piorar a vida de todos nós, por muitas gerações. É o público que garantirá emprego para os mais de 13 milhões de desempregados no Brasil.”

“A Petrobras completa 66 anos. Defender essa importante estatal é lutar por mais recursos para a saúde e educação. Teremos batalhas, porque a empresa é patrimônio nosso”, afirmou o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG), Alexandre Finamori.

A militante do Levante Popular da Juventude, Paulinha Silva, destacou em sua fala os prejuízos da privatização. “Nossa disputa política deve pautar a soberania popular. Querem privatizar nossas empresas públicas, mas não lembram que a Vale só deixou prejuízos, mortes e lama em nosso estado. Seguiremos mobilizadas!”

“A juventude estudantil unificou a luta para dizer que o petróleo é nosso! Construiremos a força popular para que nós, o povo, vire essa maré. O Brasil voltará a ser dos brasileiros e brasileiras”, frisou a vice-presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE), Ana Carolina Vasconcelos.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Estado e Minas Gerais (Sinpro/MG) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em (CTB/MG), Valéria Morato, reforçou que as instituições privadas de ensino também estarão nas ruas e em todos os espaços para defender o direito a uma educação pública. “Bolsonaro quer transformar universidades e escolas em mercadorias. Não passará!”

A manifestação foi convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e centrais sindicais, dentre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

 

Fotos: StudiumEficaz/Sind-UTE/MG

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