Notícias

Audiência pública na ALMG - Sind-UTE/MG defende a educação pública, o diálogo com as comunidades escolares e a anulação do projeto “Somar”, que pretende privatizar a gestão das escolas estaduais

  • 12/05/2021


Nesta quarta-feira (12/5/2021), a direção estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) participou da audiência pública que debateu o “Projeto Somar” do governo do Estado, o qual tem o objetivo de privatizar a gestão das escolas estaduais que ofertam ensino médio.

A atividade, realizada pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, foi requerida pela deputada estadual e presidenta da Comissão, Beatriz Cerqueira. Segundo ela, o intuito da reunião foi promover o debate democrático com as comunidades, profissionais da educação, sindicato e o governo do Estado.

O “Projeto Somar” foi apresentado pela SEE/MG – Secretaria de Estado de Educação, no último mês de abril, sem qualquer diálogo. Durante a audiência, professores das escolas atingidas repudiaram a forma açodada e impositiva com que foi encaminhado o projeto.

Sind-UTE/MG na luta contra a implementação

De acordo com o projeto, o intuito do governo é implementar o modelo “Charter School” como piloto em três escolas estaduais a partir de 2022, sendo a E.E. Maria Andrade Resende e a E.E. Francisco Menezes Filho, em Belo Horizonte, e a E.E. Coronel Adelino Castelo Branco, em Sabará.

Além de entregar para Organizações Sociais (OS) a gestão das escolas, parte do orçamento da Educação também será entregue para a iniciativa privada.

O Sind-UTE/MG, por meio do diretor estadual de Ribeirão das Neves, professor Adriano José de Paula, fez a defesa da escola pública e reafirmou o posicionamento da entidade contra a implementação. “Nós repudiamos o projeto. Vemos uma explícita desresponsabilização do Estado em relação aos problemas educacionais de Minas Gerais. Primeiro, o governo quer entregar todo o ensino fundamental para os municípios, com o projeto Mãos Dadas, agora pretende entregar para a iniciativa privada as escolas de ensino médio.”

Durante a audiência, a representação da Secretaria não apresentou qualquer estudo técnico que embasasse a medida.

A direção do Sind-UTE/MG ainda destacou que se a justificativa do governo é fortalecer a educação pública, é preciso abrir o diálogo com as comunidades, com a academia e profissionais da educação, de forma a construir decisões coletivas e sustentada por dados técnicos e científico-pedagógicos. “Faremos a luta contra o projeto. Escola deve ser pública, gratuita e uma obrigação a ser ofertada pelo Estado.”

Sem abertura e pluralidade – Comunidade escolar não foi ouvida e sofrerá com desemprego

A professora da E.E. Coronel Adelino Castelo Branco, Cássia Fernanda Barbosa Durães, disse que a categoria se sentiu humilhada com todo o processo feito pelo governo do Estado. “Isso é muito humilhante. Ficamos sabendo pela imprensa que nossa escola faria parte. No edital, o projeto está como inovador e aberto à pluralidade. Qual é essa pluralidade, que abertura é essa? É desumano.”

Ela ainda questionou à Secretaria sobre o desemprego que poderá causar nas unidades de ensino, já que os/as servidores/as serão realocados ou demitidos.

O professor de professor de Filosofia da E. E. Francisco Menezes Filho, Jonathas Souza Lima, afirmou estar estarrecido com a postura do governo. “Como resumem a complexidade de uma escola, a importância na formação do cidadão em apenas índices do Ideb? Trago o repúdio da nossa escola e da nossa categoria contra esse projeto.”

Ele reforçou que a escola é reconhecida, justamente, pelo diálogo e trabalho feito com as comunidades, universidades e instituições de pesquisa. À exemplo, falou de um estudante da instituição que foi selecionado para representar Minas Gerais no Fórum Global da Juventude no México, em 2018, a partir de um projeto desenvolvido na escola. “O projeto Somar é uma falácia, que está em completa dissonância com os valores que queremos para a escola pública.”

Eficácia e Eficiência – A gestão privatizada da Educação pública nega a gestão democrática

O sociólogo e cientista político, Rudá Ricci, apresentou uma análise sobre o modelo “Charter School” que, segundo ele, estabelece uma relação de eficácia e eficiência na gestão da educação e abre precedentes para a privatização do ensino público (clique aqui e acesse a apresentação).

A professora da Faculdade de Educação da universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Maria Alves Saraiva, refirmou o repúdio da instituição em relação ao projeto, como já feito na publicação da Nota de Repúdio (confira aqui)..

Ela chamou a atenção para esse modelo de gestão. “Não há qualquer evidência científica de sucesso desse modelo e nós não devemos testar esse projeto com nossos alunos, sobretudo, quando nega o caráter histórico da gestão democrática.”

Foto: Luiz Santana/ALMG



Multimídia


Newsletter Sind-UTE/MG


    Informativo Ver todas


    Informativo Especial de Greve - A luta sempre vale a pena
    6/4/2022 - Informa Especial de Greve
    Informativo Especial de Greve
    Especial Jurídico
    188
    187
    186
    185
    184

    Cadastre-se aqui!

    img

    Links



    Opinião

    Todos artigos