Programas Outras Palavras – Roda de Conversa – Sete meses do crime da Vale, em Brumadinho

No último dia 25 de agosto, o crime da Vale em Brumadinho completou sete meses. Sob essa perspectiva de debate, o programa Roda de Conversa recebeu Soniamara Maranho, da coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a vereadora de Mário Campos, Andresa Rodrigues, e a jornalista do Brasil de Fato, Amélia Gomes, em 26/8/2019 (segunda-feira).

Quase 300 pessoas foram assassinadas pelo rompimento da Barragem da mina de Córrego do Feijão e 21 corpos ainda não foram entregues às famílias.

Andresa, mãe do Bruno, uma das vítimas do crime da mineradora, falou sobre a angústia dos familiares que não puderam fazer um sepultamento digno de seus entes queridos. “Ainda não foram encontradas nossas joias. É preciso nos perguntar diariamente: Até quando vamos esperar por essa resposta? A mídia sabia do risco de rompimento e a Vale também. Isso não pode cair no esquecimento.” Ela ressaltou que sua luta hoje é para que a vida seja respeitada e não subjugada aos interesses da mineração no estado.

Ao longo da conversa, também ressaltou-se que a mineradora é reincidente já que, em 5/11/2015, a barragem de Fundão se rompeu no município de Mariana, mantando 20 pessoas.

“A Vale ainda não construiu nenhuma casa aos atingidos e atingidas pelo crime em Mariana. Aquelas que reformou precisaram ter o serviço refeito porque continuam com rachaduras. Então, nesse sistema onde o lucro se sobrepõe à vida não existe um processo de responsabilidade”, disse Soniamara. Ela chamou a atenção para o descompromisso social que o capital privado tem com a sociedade, já que a Vale era uma empresa pública e foi privatizada em 1997.

Andresa apresentou uma inciativa para acompanhar as famílias dos/as atingidos/as. A Associação dos Familiares das Vítimas do Crime da Vale, em Brumadinho, que organiza a resistência contra a impunidade da mineradora. “Dessa forma, nós nos apoiamos e lutamos coletivamente, porque eu procurei pelo corpo do meu filho por 105 dias e a Vale nem se deu ao trabalho de ligar para me dar alguma explicação.”

A jornalista Amélia Gomes frisou que o momento no Estado se assemelha ao que a mineradora passou em 1997. “É necessário dizer que o governo Zema, com o interesse de implementar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em Minas Gerais, que impõe a venda de empresas públicas como a Cemig, coloca o povo em risco novamente.”

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