Sind-UTE/MG participa de visita da Comissão de Educação da ALMG em escola retirada do Ensino de Tempo Integral

Na manhã desta sexta-feira, 7/6/2019, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) participou da visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa à Escola Estadual Dr. Roberto Belisário Viana, em Dr. Lund, distrito de Pedro Leopoldo. A intenção foi escutar os trabalhadores, as trabalhadoras e as famílias dos/as alunos/as, já que a instituição foi cortada do programa de Educação Integral pelo governador Zema.

A visita se deu a pedido da deputada estadual e diretora do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, também presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.

Durante o encontro, foi realizada uma roda de conversa com a comunidade escolar e as famílias dos estudantes, momento de escuta, diálogo sobre as dificuldades enfrentadas e unidade de luta em defesa do ensino integral. Ao final, foi realizada uma apresentação do coral de crianças que emocionou a todos/as presentes.

A deputada Beatriz Cerqueira reafirmou o compromisso, enquanto parlamentar, na disputa da pauta com Estado e colocou o seu mandato à disposição para o debate.

A Escola Estadual Dr. Roberto Belisário Viana, que atendia pela Educação Integral há 12 anos, com 170 alunos, é a única do município a oferecer ensino do primeiro ao quinto ano. A instituição é valorizada pela comunidade na excelência do trabalho pedagógico, com prêmio de reconhecimento nacional. Quando o programa ainda estava em funcionamento eram oferecidas mais de 4 refeições por dia, aulas de música, informática, jogos e várias atividades coletivas. O turno da escola começava às 7h30 e terminava 16h45, o que possibilitava os pais trabalharem, ao mesmo tempo em que os filhos tinham qualidade no aprendizado.

Com o projeto Educação Viária, que buscou conscientizar os alunos sobre a importância de ocupar os espaços públicos e resgatar na infância a interação com a cultura local, a escola apresentou a atividade à Secretaria de Educação de Belo Horizonte, passou pela seleção estadual e foi reconhecida a nível Federal.

A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Denise Romano, falou sobre a importância da escola para a comunidade e o compromisso na defesa da educação. “A escola desempenha um papel fundamental para o município, oferecendo atendimento no contra turno, ensino de qualidade e acesso a cultura para as crianças. Sabemos da importância deste espaço e seguiremos na luta, juntamente com o mandato da deputada Beatriz Cerqueira, contra os cortes do governador e pelo retorno integral, como era antes.”

 

Precarização do ensino

Com a política de cortes promovida pelo governador Romeu Zema, a escola não consegue mais oferecer todas as atividades, encerrando o turno às 11h30. A instituição está na lista das 1.140 que foram retiradas do tempo integral, levando a demissão de 13 funcionárias/os e diminuição de matriculados.

A ex-professora, Meire Rose Rodrigues, ressaltou os problemas enfrentados. “Quando as crianças não estão aqui, estão soltas nas ruas, vulneráveis a riscos sociais. Recebemos muitos pedidos de retorno do programa, já que pais e mães estão deixando de trabalhar porque não têm com quem deixar os filhos. Além disso, nós, trabalhadoras, estamos desempregadas.” Meire fez um apelo ao governador Zema. “Enquanto educadora, sei que não há outro caminho para transformação, se não pela educação. Eu fico muito triste com isso e temerosa pelo futuro dos estudantes. Então, peço a ele que entenda o corte como inviável para sociedade e reflita sobre a necessidade desse retorno, que só faz bem para nós e a toda sociedade.”

Maria José Moreira, doméstica e tia de três estudantes que já passaram pela Escola Dr. Roberto Belisário Viana, estava na visita da Comissão e demonstrou preocupação com o encerramento do programa. “Meus sobrinhos hoje fazem ensino fundamental e os vejo aproveitando a base que aprenderam aqui. Muitos que não estão na escola, lá fora se perdem. Essa redução coloca a vida de muitas crianças em risco, porque não têm o que comer, não têm onde aprender.”

A ex-coordenadora do programa na escola, Maria Cristina Silva, chamou a atenção para possibilidade de fechamento da instituição. “Nós atendemos alunos de todo o município, não só do distrito de Dr. Lund. Então, tenho medo de que precisemos fechá-la com o encerramento do tempo integral, já que a demanda no entorno é pequena e o ensino regular não teria o número suficiente de matrículas. Precisamos manter isso para que o projeto pedagógico continue funcionando.”

 

Proposta do governo Zema

Depois de pressões do movimento sindical e parlamentares em defesa da educação em Minas, a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) anunciou uma proposta de retorno das Escolas de Ensino Integral.

Foram mantidas, imediatamente, 30 mil vagas, com reabertura de mais 25 mil matrículas no segundo semestre deste ano, e mais 55 mil em fevereiro de 2020.

Denise Romano criticou a proposta, que não dialoga com as necessidades do povo. “Deveríamos propor a expansão do programa e não a redução, com a volta parcelada. Isso promove uma descontinuidade do trabalho feito por cada escola. Além disso, o governo não anunciou quais serão as instituições contempladas no próximo semestre, o que deixa os/as trabalhadores/as  e famílias a mercê das decisões de Zema.”

 

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Cobertura: Ascom StudiumEficaz

Fotos: Guilherme Dardanhan/ALMG

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