Veja no Programa Outras Palavras que será veiculado no próximo dia 10 de novembro de 2018

Crime da Samarco/Vale/BH – Três anos de impunidade!

Do Rio ao Mar: Não vão nos Calar! Atingidos e atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BH marcham e pedem justiça. Três anos de lama e luta!

Três anos se passaram, e o crime da Samarco/Vale/BHP continua impune, é o que denuncia o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). No dia 5 de novembro, ao rememorar o maior crime socioambiental do Brasil, centenas de pessoas reunidas em Mariana reafirmaram a continuidade da luta. A ausência de resposta real da justiça e a falta de punição às empresas que cometerem esse crime deixam um rastro de indignação.

O MAB alega que nenhuma casa foi construída, milhares de atingidos e atingidas não são reconhecidos e a população denuncia que a Fundação Renova “empurra” os problemas sem previsão de reparação da situação.

Organizados pelo MAB, os atingidos e atingidas realizam uma Marcha pelos 3 anos de injustiça”, entre os dias 4 e 14 de novembro. A marcha foi iniciada com um encontro das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce, em Mariana, de onde os participantes seguiram para fazer o mesmo trajeto feito pela lama até Vitória no Espírito Santo.

No dia 3 de novembro, aconteceu o encontro das mulheres atingidas por barragens: As consequências do crime da Samarco/Vale/BHP na vida das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce.

Vamos mostrar um pouco dos debates e da luta da vida dessas mulheres e das crianças atingidas. No último domingo, dia 4 de novembro, elas se reuniram em Mariana para rememorar essa tragédia, falar dos desafios, exigir justiça e organizar a luta.


Comunidade de Gesteira presente na Marcha do MAB

A comunidade de Gesteira, outra região devastada pela lama, também participou da marcha “Lama no rio Doce”, entre os dias 4 e 14 de novembro.

A moradora Vera Lúcia Aleixo Silva lembra que essa luta, que se arrasta por três anos, nunca tem uma resposta e que ela sente muita saudade da casa, da família, dos vizinhos. Ela também diz que a sensação que eles têm hoje é que os responsáveis agem como se os atingidos que fossem os criminosos.


Colatina (ES), presente na Marcha do MAB

Joselita, a pescadora que mora em Colatina, Espírito Santo, também foi representar a sua comunidade e reforçar a luta. Ela afirma que vão vencer essa batalha porque são mulheres guerreiras e não vão desistir dos seus direitos.


Aldeia do Pau Brasil/ES presente na Marcha do MAB

A moradora de Aldeia do Pau Brasil, Espírito Santo, Joselita, disse que confia na justiça de Deus e que quanto mais ficarem unidos, mais fácil será o enfrentamento dessa situação. Ela puxou o coro da Marcha que dizia: “Do rio ao mar, eles não vão nos calar”!


Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), presente na Marcha

SoniaMara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), explica que o Encontro “Do Rio ao mar – eles não vão nos calar” – um movimento para denunciar os três anos de impunidade sem resolução não é apenas para denunciar o crime da Samarco/Vale/BHP é para também se reorganizarem e ter a convicção que a luta nos ensina a lutar.

Segundo ela, todas as mulheres precisam se preparar: as indígenas, as negras, as quilombolas, as brancas, as crianças, pois, “nossa geração precisa ser preparada para construir o nosso presente e o nosso futuro.”


A consequência da lama na vida das mulheres

Baiana faz um levantamento da situação, das consequenciais e dos muitos problemas enfrentados. De acordo com ela, de todos os impactos as mulheres e as crianças são as mais atingidas. Isso porque fazemos parte de uma sociedade que é desorganizada, em que o machismo impera e permite que os homens tenham mais direitos e oportunidades.

Na bacia do Rio Doce, as mulheres estão resistindo, mas, encontram muitas dificuldades. Elas fazem as denúncias necessárias, mas, ainda existem muitas injustiças tais como a sobrecarga de trabalho, a falta de reconhecimento como trabalhadora, pois, são cadastradas como dependente dos maridos recebendo apenas 20% do benefício.


Beatriz Cerqueira cobra justiça pelo crime da Samarco/Vale/BHP

A presidenta da CUT/MG e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, esteve no último domingo (4/11/18), no encontro das mulheres e crianças de Minas Gerais e do Espírito Santo atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BHP. Foi também um momento para reafirmarem a luta por direitos e por justiça. Ela diz que não basta ser solidário, alguém precisa pagar pelas mortes confirmadas e pelas pessoas desaparecidas.


Índios da Reserva Krenak choram a morte do Rio Doce

No dia 5 de novembro de 2015, às 17 horas, uma barragem de rejeitos rompeu levando a destruição e morte por onde passou até chegar ao mar do Espírito Santo.

A lama da Samarco/Vale/BHP viajou mais de 600 km pela calha principal do rio até desaguar no oceano, em Regência, no norte do Espírito Santo (distrito do município de Linhares).

Foram 39 municípios atingidos e de acordo com o Instituto Brasileiros do Meio Ambiente (Ibama) 663,2 km de rios foram atingidos pela onda de rejeitos em Minas e no Espírito Santo. Foram destruídos 1.469 hectares de terras, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APP).

Na bacia Hidrográfica do Rio Doce, mais de 80 espécies nativas foram atingidas, sendo 11 classificadas como espécies ameaçadas de extinção. A contaminação da lama por rejeitos tóxicos causou a morte de 11 toneladas de peixes, 8 toneladas encontradas no território mineiro e 3 toneladas no Espírito Santo.


“Não foi acidente, foi crime”.

Os mais de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro soterraram nascentes e deixaram a agua imprópria para o consumo humano e animal e inviabilizaram o cultivo ao longo dos rios afetados.

Ao avaliar a situação, o Ibama considerou que a Samarco Mineração retardou ações que deveriam fazer para recuperar o meio ambiente e evitar o agravamento da tragédia. O instituto aplicou multas mensais à mineradora, que recorreu de todas elas.

Beatriz Cerqueira reforça que a investigação da Polícia Civil comprovou aquilo que movimentos sociais já denunciaram, ou seja: “não foi acidente, foi crime”. O aumento da barragem, o despejo irregular de rejeitos de outra mineração, a ausência de equipamento em condições adequadas de funcionamento, segundo Cerqueira, foram algumas das questões apontadas na investigação. “A empresa não tinha nenhum plano de atendimento em caso de rompimento, sequer uma forma de informar a população para uma rápida evacuação do local. Até hoje há negligenciamento da reparação dos danos causados pelo crime. E nós seguimos em luta.”


O preço da ganância são as vidas perdidas

Esperança, solidariedade – essas são as palavras que mais se encontram no dia a dia dos atingidos e atingidas pela lama de Mariana. Mas tem outra palavrinha muito repetida milhares de vezes ao dia: Justiça.

Conversamos com Joceli Andriolli, coordenador do MAB que diz: “é lamentável e vergonhosa a postura das empresas criminosas. São milhares que não são reconhecidas como atingidas, mesmo já tendo sido reconhecidas pelos próprios governos através do comitê Interfederativo. As empresas estão mais preocupadas em “limpar” a sua imagem, investindo por exemplo, em campanhas publicitárias, do que com os próprios atingidos e atingidas que estão sendo tratados como mercadorias”, afirma.


O programa “Outras Palavras” é uma produção do Sind-UTE/MG e é veiculado aos sábados, das 10h às 10h:30, nas TV’s: Band Minas (em todo o Estado), Candidés (Divinópolis e Região) e na Band Triângulo.

Você pode acompanhar também essa produção pelo Canal do Sind-UTE/MG no Youtube e ainda pelo Facebook.

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