CUT/MG debate conjuntura de Minas no 5º Encontro dos Movimentos Sociais

Beatriz Cerqueira denuncia descaso com políticas públicas, prejuízos causados pelo choque de gestão, judicialização e criminalização das práticas sindicais
Análise de conjuntura de Minas Gerais, com denúncias sobre o descaso com políticas públicas, os prejuízos causados ao Estado pelo choque de gestão, a judicialização e a criminalização dos movimentos sindicais e sociais e a apresentação da pauta da classe trabalhadora para as eleições e agenda para 2014. Estes foram os temas da presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, na mesa de abertura do 5º Encontro dos Movimentos Sociais, que começou nesta quinta-feira (1º), no pátio da Assembleia Legislativa. Ela falou juntamente com João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O 5º Encontro dos Movimentos Sociais, que termina neste sábado (3), tem como temas principais os debates sobre o Plebiscito Popular sobre a Redução da Tarifa de Energia Elétrica, que coletou 600 assinaturas no ano passado, e sobre a construção do Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva para a reforma política, programado para 7 de setembro.
Na análise de conjuntura sobre o Estado, ela fez uma correção: “Em Minas, o que combatemos não teve início em 2003. Vem desde 1993. Desde aquele ano, o mesmo grupo político controla o Estado. Muita gente pensa que se o problema envolve o governo, o afetado é o servidor público. Todos sofrem e não podemos deixar que o choque de gestão chegue à quarta geração.”
As consequência mais nefastas do choque de gestão, na opinião de Beatriz Cerqueira, estão nas políticas públicas. “O PIB per capita é Minas Gerais é um dos menores do Brasil, segundo dados do IBGE. E a população não sabe nada disto. Há uma estratégia de blindagem e o povo não conhece a realidade do Estado. Cria-se uma ilusão, pela propaganda na mídia, que tudo está muito bem. Em Minas Gerais temos 1,6 bilhão de analfabetos, ou seja, um décimo da população é marginalizado. É maior taxa de analfabetismo do Sudeste. Cinco milhões de pessoas têm renda inferior a um salário mínimo, a menor renda familiar do Sudeste. O índice de trabalho infantil é assustador”, afirmou.
A presidenta da CUT/MG acrescentou que a falta de investimentos em setores fundamentais como educação e saúde causa danos incalculáveis à população. “Faltam 1 milhão de vagas para o segundo grau e 65% das crianças ficam fora do sistema escolar de educação infantil”, falou Beatriz Cerqueira, que cobrou também do governo federal. “Falta diálogo com a pauta da classe trabalhadora. O governo federal investiu na ampliação das escolas técnicas e as universidades, mas tem uma dívida enorme com a educação básica. Não avançaram a redução da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário, da terceirização e vemos, com preocupação, o crescimento das parcerias público privadas.”
Outro problema é situação econômica de Minas Gerais. “O Estado está quebrado, por causa dos bilhões de reais tomados para empréstimo. Cerca de 13% da arrecadação são usados para pagar a dívida. Em 2013, foram R$ 5 bilhões em empréstimos. Esta conta terá que ser paga.” A entrega das riquezas do Estado pelo projeto neoliberal também preocupa. “As riquezas como a mineração, a energia e os recursos hídricos estão sendo passadas para o capital internacional sem o menor controle do Estado”, denunciou.
Beatriz Cerqueira também destacou a criminalização dos movimentos sociais, o domínio do governo do Estado no poder legislativo e no poder judiciário. “A criminalização das lutas sociais é muito crescente. A face policial é a única que o governo apresenta. O poder legislativo está a serviço do projeto que está no governo. A criminalização que é apresentada aos movimentos sociais e sindicais, o Judiciário corrobora.” Para a presidenta da CUT/MG, o enfrentamento com o projeto neoliberal nas eleições é fundamental. “Temos que construir uma pauta de interesse da classe trabalhadora juntamente com os candidatos que se comprometerem com as reivindicações do povo brasileiro.”
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