A boa política exige coerência
- 23/07/2014

Através das redes sociais tomei conhecimento de uma proposta do candidato Aécio Neves: incentivar o esporte por meio da escola. De acordo com seu material de campanha, referente às diretrizes apresentadas, disponíveis no Facebook: “as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do esporte, terão como prioridade o desenvolvimento humano.” Para tanto, nosso futuro presidente vai incentivar o esporte escolar. Esporte é um caminho para desenvolver as potencialidades de nossos jovens, além de melhorar a saúde das pessoas.
Para que tal proposta tenha algum êxito, no mínimo, são necessárias duas condições: ter professor de Educação Física e escolas com estruturas adequadas. Vejamos o caso de Minas Gerais, que tem servido de modelo para o candidato se apresentar ao país.
O Governo de Minas retirou mais de 15 mil professores de Educação Física dos anos iniciais do Ensino Fundamental. E deixou de contratar outros 3 mil professores na área. Hoje, quem responde pela Educação Física no primeiro momento em que a criança chega à escola, portanto, no momento mais importante da sua formação, é uma professora sem a qualificação específica, o que significa dizer que as crianças não têm aulas de Educação Física. Não na prática. Só na teoria das leis que o governo mineiro faz.
A outra condição básica é local adequado. Como a proposta é incentivar o esporte escolar, o local necessário é a escola. Neste caso, novamente vamos ver como o ex-governador deixou as escolas estaduais. São 1.984 escolas estaduais que ofertam Ensino Fundamental sem quadra de esporte. Quer promover a Educação Física onde?
Com esta realidade em Minas Gerais é, no mínimo estranho, propor ao país algo que não fez em seu Estado. Ou melhor, propor o inverso do que foi praticado. A boa política se faz com coerência.
Beatriz Cerqueira
Coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG)