
13ª Plenária Estatutária da CUT/MG começa com homenagens, conferência e análise de conjuntura
- 20/05/2014
Eixo “Uma Outra Minas é possível” é tema de debates com o professor Juarez Guimarães e o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz
Com homenagem a Valdisnei Honório da Silva, ex-diretor do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais e do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), uma exposição do professor Otávio Dulci e análise de conjuntura de Clemente Ganz Lúcio, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) abriu na sexta-feira (16) a 13ª Plenária Estatutária “Uma Outra Minas é possível” no Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte. A plenária prossegue neste sábado (17) e vai ser encerrada no domingo (18).
Na abertura política, realizada após a aprovação do regimento interno, a mesa foi composta pela presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira; juntamente com o secretário-geral da Central e coordenador adjunto da Plenária Nacional da CUT, Jairo Nogueira Filho; o secretário de Formação da CUT Nacional; o deputado estadual Rogério Correia (PT), do bloco Minas Sem Censura; e o presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH), Lincoln Emanuel.
Jairo Nogueira Filho, também coordenador-geral do Sindieletro-MG, salientou a importância do tema da plenária, “Uma Outra Minas é possível”. “É uma discussão muito importante para a CUT/MG na nossa conjuntura, pois em Minas Gerais projeto neoliberal e precisamos construir estratégias para enfrentar este desafio.”
“É uma satisfação muito grande estar com vocês hoje. Esta plenária vem com uma boa perspectiva, principalmente para a gente unir forças. Como estudante sei que todos os trabalhadores e o povo de Minas Gerais vêm sofrendo bastante. Desejo um bom encontro para todos e que possamos formular propostas tanto para a CUT como para todos”, disse Lincoln Emanuel, presidente da Ames-BH.
José Celestino Lourenço, o Tino, elogiou a iniciativa de homenagear Valdisnei Honório da Silva. “Valdisnei sempre foi um companheiro combativo e um grande lutador pela democratização da comunicação . Esta é uma justa homenagem”, afirmou o secretário de Formação da CUT.
Para ele, a CUT/MG precisa sair da plenária com um plano de lutas para fazer frente à conjuntura nacional e a conjuntura internacional. “Neste momento ocorre um congresso em Berlim, Alemanha, da Confederação Sindical Internacional, que pela primeira vez tem um companheiro nosso pode assumir o comando, João Felício. Temos a oportunidade de influenciar o sindicalismo internacional e colocar novamente a CUT como protagonista da luta dos trabalhadores. Temos que sair daqui com um plano de lutar para influenciar a conjuntura nacional, influenciar no processo eleitoral . Nós não queremos Aécio Neves e não queremos Eduardo Campos. Estamos com Dilma. Mas temos que construir uma plataforma de Minas, do minério e do café. Construir nossas propostas e leva-las à Legislatura. E também levar ao Congresso nossos representantes. A Plenária que começou bem com a aprovação da greve da educação. Vamos dar todo o apoio à categoria e, de forma unitária, fazer uma grande luta para alcançar o que podemos conquistar.”
“É um prazer está aqui representando o Bloco Minas Sem Censura. O debate que vocês vão travar nos termos das questões nacionais, eu tenho certeza que vai reafirmar uma vontade do povo brasileiro de ampliar as conquistas que tivemos. Claro que conquistas que não são suficientes, mas nos faz buscar outras mudanças no Brasil. A CUT foi fundamental em todo o período histórico e será nos debates futuros. Falamos pouco de Minas. Parece que Minas gerais não existe, fica distante do debate. O quadro de Minas é um quadro muito pior do que o brasileiro. Minas tem a segunda maior dívida do país. Somos o 22ª pior PIB do Brasil. E a mídia não fala nada, faz parte de um pacto das elites, que a CUT ajudou a desmascarar. Vocês estão sendo fundamentais com as mobilizações na Cemig, as greves na Copanor, na saúde e na educação para derrotar o projeto neoliberal. Vamos à luta e outra Minas é possível”, disse o deputado Rogério Correia.
“O povo vem sendo muito maltratado em Minas Gerais. Se antes a conjuntura do Estado parecia ser do interesse apenas dos servidores estaduais, o desgaste do projeto liberal nós que fizemos, nós levamos o debate para a população e não tivemos medo. A plenária acontece no momento em que os trabalhadores em educação decidiram entrar em greve no dia 21, a saúde vai parar no dia 27, os trabalhadores da rede municipal de Contagem , de Ibirité, de Betim pararam. Os servidores públicos municipais de Belo Horizonte, representados pelo nosso querido Sindibel , enfrentam Márcio Lacerda e fazem greve desde o dia 6. Os metroviários se mobilização contra a estadualização e privatização do metrô. Somos nós que fazemos a lluta neste Estado. A parte do Hino Nacional que eu mais gosto é ‘um filho seu não foge à luta’. Nós não fugimos nunca”, afirmou Beatriz Cerqueira.
Homenagens
Após a mesa de abertura, o vice-presidente da CUT/MG, Carlos Magno de Freitas, coordenou a homenagem a Valdisnei Honório da Silva, ex-diretor do Sinfarmig e do Sind-Saúde/MG falecido no ano passado. “Uma homenagem a quem concluiu sua caminhada entre nós, mas que deixou uma grande contribuição para o movimento sindical e para luta pela democratização da comunicação”, afirmou Carlos Magno de Freitas.
O vice-presidente da CUT/MG encerrou a homenagem com a entrega de uma bandeira da Central ao presidente do Sinfarmig, Rilke Rovato Públio. “Valdisnei era um cara elétrico. Uma homenagem em uma plenária da CUT era o que ele mais gostaria de receber, pois é uma atividade de trabalho. O tema ‘Uma Outra Minas é possível’ tem tudo a ver com a lutar de Valdisnei , que sempre combateu o bloqueio da mídia pelo governo e defendeu a democratização da comunicação. Ele deve estar no céu nos agradecendo”, disse Rilke Públio;
Também foram homenageados o Senalba, que completou 50 anos, e o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região, pelos 80 anos de fundação. A secretária de Políticas Sociais da CUT/MG, Lourdes Aparecida de Jesus Vasconcelos, e o secretário de Saúde do Trabalhador, Djalma de Paula Rocha, entregaram uma placa comemorativa aos dirigentes dos dois sindicatos
Professor Otávio Dulci aponta soluções para Minas Gerais
O professor Otávio Dulci, que fez a conferência de abertura da 13ª Plenária Estatutária da CUT/MG, considerou extremamente apropriado para o momento o tema “Uma Outra Minas é possível”. “O título está ótimo. Eu assisti a mesa anterior e falaram que os movimentos sociais nem sempre pensam os problemas da região. Debate-se mais a conjuntura nacional e internacional e se esquecem de questões próximas, que são muito importantes. Outro Brasil é possível. E Minas é um retrato do país. É um Estado muito importante para o Brasil e tão heterogêneo quanto o país. Tem áreas muito desenvolvidas e regiões muito pobres. Imaginamos o país e o Estado mais integrados. Para pensarmos e, outra Minas, temos que pensar em maior integração”, analisou Otávio Dulce, que compôs a mesa ao lado do vice-presidente da CUT/MG, Carlos Magno de Freitas, da secretária de Combate ao Racismo, Elaine Cristina Ribeiro, e do integrante da direção estadual da Central, Abdon Geraldo Guimarães.
As desigualdades das regiões do Estado, segundo Otávio Dulci, são motivadas pela dependência da economia do Estado na mineração. “A economia mineira gira em torno do minério de ferro. Como a exploração está próximo à região Central do Estado, o restante de Minas fica à margem. Por isto, Minas Gerais tem o terceiro PIB do Brasil. Mas, no âmbito social, tem o 11º PIB per capita . Algumas áreas de Minas estão entre as mais pobres do Brasil, como o Vale do Jequitinhonha e o Vale do Mucuri. Com a crise de 2008, a mineração se tornou primordial, pois houve estagnação na siderurgia. Com isso corre-se o risco da desindustrialização. É importante que sejamos um país industrializado, para as questões sociais. Uma país dependente da mineração é um país fraco”
Outra falha dos governos mineiros, principalmente nas últimas gestões, foi não estabelecer políticas para que a economia do Estado acompanhasse o aumento do consumo de massa. “Minas não investiu nisto. Outros estados viram a oportunidade com os novos consumidores.. Nós estamos num processo eleitoral, se houver interrupção no processo de distribuição de renda no Brasil, pode haver retrocesso. Em Minas as políticas sociais precisam avançar por causa das desigualdades. Minas tem uma proporção de pobres gigante. Houve expansão enorme nas universidades federais, que são 11 agora em Minas Gerais. Aumentou o número de escolas técnicas. A expansão das universidades tem uma função de formação, representa um grande pólo de regionalização industrial, uma ajuda que o resto do Brasil tem dado a Minas ao provocar o desenvolvimento regional”, disse Otávio Dulci.
Para o professor de Ciência Política da UFMG a solução para Minas Gerais seria diversificar a economia, investir em tecnologia avançada, transporte, infraestrutura e logística. “Minas aposta ainda num sistema velho. É preciso recuperar o papel do Estado, na coordenação do governo nas políticas públicas. O Estado foi se retraindo e chegou a uma posição minimalista, que fomentou a crise, com a gigantesca dívida pública. O governo hoje tem capacidade de investimento muito pequena. Temos que pensar em formas de desenvolvimento e acabar com esta política de Estado mínimo, que é a filosofia do governo. É preciso recuperar o papel dinâmico do Estado, como era antes. Este é o caminho para chegar a outra Minas e um trabalho lento, para várias gerações”, concluiu Otávio Dulci.
(Site CUT/MG – 17.05.14 – Rogério Hilario)