Agentes municipais de saúde aprovam continuidade da greve

Prefeitura de Belo Horizonte não altera contraproposta rejeitada pela categoria

Sem qualquer avanço na contraproposta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), após 28 dias de paralisação, agentes de combate a endemias (ACE) e agentes comunitários de saúde (ACS) decidiram permanecer em greve por tempo indeterminado. Eles aprovaram a continuidade do movimento em assembleia geral no início da tarde desta terça-feira (3), na Praça da Estação. Antes da votação, a Comissão de Greve se reuniu com o secretário de Planejamento, Thiago Alexsander Costa Grego, mas não houve qualquer alteração na proposta da PBH.

Mesmo com a interrupção das atividades há quase um mês pelos ACE/ACS, a prefeitura não apresentou contra proposta que atenda os anseios da categoria. Serviços essenciais para a saúde da população do município, como combate à Dengue, à Chikungunya e o cadastro do Bolsa Família, estão interrompidos.

O reflexo da incapacidade da administração municipal em negociar com os trabalhadores poderá ser sentido em futuro próximo pela população, com a chegada indesejada de epidemias por falta de controle dessas pestes. O município poderá, inclusive, sofrer prejuízos com o repasse de verbas advindas do cumprimento das atividades desses trabalhadores.

O Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) espera que a prefeitura esteja ciente de que, além da obrigação de cumprir uma Lei Federal, é de sua responsabilidade o reflexo desta greve para a saúde pública da capital.

Os agentes municipais de saúde se reúnem  nesta quarta-feira (4), às 9 horas, para um Ato Público em frente à Secretaria Municipal de Saúde, onde também participarão da Plenária dos Trabalhadores. Convocada pelo Conselho Municipal de Saúde, a plenária irá discutir, entre outras pautas, os repasses financeiros oriundos do Ministério da Saúde referentes à implantação de agentes comunitários de saúde.

Nesta sexta-feira (6), está marcada nova assembleia geral da categoria, na Praça da Estação. Os servidores irão se reunir, a partir das 9 horas, para decidir os rumos do movimento que completa mais trinta dias esta semana.

 O secretário de Saúde do Trabalhador Djalma de Paula Rocha, que representou a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), levou também aos agentes municipais de saúde a solidariedade do Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e Região. “Trago a saudação da CUT/MG, do Sindicato dos Metalúrgicos e da Associação dos Metalúrgicos Aposentados. Vocês têm todo o nosso apoio, pois com este movimento vão quebrar a intransigência da prefeitura e vão ser respeitados. A categoria vem sendo desrespeitada pela prefeitura, que não paga o piso ou inclui servidores no plano de carreira, e, ainda por cima, o secretário entra de férias justamente durante a paralisação. A greve é justa e legítima. Os metalúrgicos também fizeram greves de 30, 60 e 90 dias, não apenas para garantir conquistas, mas por direitos adquiridos e pelo cumprimento da Constituição. Parabéns pela coragem, pela disposição de luta e podem contar sempre com a CUT”, disse Djalma de Paula Rocha.

Os agentes municipais de saúde exigem o cumprimento imediato, em âmbito municipal, da Lei Federal 12994/14, que institui o Piso Salarial Nacional da categoria e a obrigatoriedade de PCCS das categorias de ACE/ACS. Sancionada desde junho do ano passado, a tal lei estabelece um valor mínimo de R$ 1.014 mensais como vencimento base dos ACE/ACS de todo o país. Os servidores reivindicam equiparação salarial entre as carreiras e pagamento retroativo ao mês em que a Lei foi sancionada, bem como a inclusão no PCCS da Saúde.

A PBH reconhece que os agentes comunitários de saúde não recebem a remuneração fixada pela Lei Federal, mas alega não ter condições de pagar o valor, estabelecido pelo Piso Salarial Nacional, enquanto o governo federal não aumentar os repasses para o município.

Até o momento, a proposta apresentada pela prefeitura para atingir o valor estipulado pelo Piso Salarial Nacional da categoria não agradou, pois retira direitos adquiridos. A proposta prevê a integração do Adicional de Insalubridade e a gratificação do Prêmio Pró-Família ao vencimento-base dos ACS.

Com a interrupção dos serviços dos agentes de combate a endemias fica prejudicado o combate ao mosquito transmissor da Leishmaniose, da Dengue e da Febre Chikugunya, além do controle de morcegos transmissores da Raiva e outras endemias. No caso dos agentes comunitários de saúde, fica suspenso o cadastro do Programa Bolsa Família, cadastro do cartão do SUS, além do acesso a diversas e importantes ações ligadas ao Programa de Saúde da Família (PSF).

Na manhã de segunda-feira (2), agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias participaram de ato unificado em frente à à Secretaria Municipal de Planejamento (Rua Domingos Vieira, nº 120, Santa Efigênia), reivindicando o Piso Salarial Nacional da categoria e a inclusão da mesma no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) da Saúde

(Site CUT/MG – Rogério Hilário – 03/02/15)

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