
CNTE participa de seminário internacional contra a privatização da educação
- 25/09/2015
A CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, juntamente com a IEAL – Internacional da Educação para América Latina, está com uma delegação em São Paulo/SP, entre os dias 21 e 24 de setembro, participando do seminário internacional “Os diferentes modos de privatização da educação no mundo e as estratégias globais e locais de enfrentamento”.
A primeira mesa foi coordenada pela CNTE na pessoa da secretária geral Marta Vanelli, e teve como palestrantes Angelo Gavrielatos, diretor mundial de privatização e mercantilização da educação da Internacional da Educação (IE) e ex-presidente do sindicato dos educadores australianos União Educação (AEU), Luiz Fernandes Dourado, doutor em Educação pela UFRJ, professor da UFG e conselheiro do CNE e Dalila Andrade Oliveira, doutora em Educação pela USP e professora da Faculdade de Educação da UFMG.
Os palestrantes fizeram uma análise do cenário mundial e brasileiro com relação à privatização, abordando a precarização que esse processo traz à educação e os impactos sobre o trabalho docente. “Devemos criar uma rede solidária contra a privatização da educação. Essa rede tem que atuar em todos os continentes com campanhas que dêem uma resposta global a esse processo nefasto que fragiliza a educação dos povos”, enfatizou Gravielatos.
Em sua fala, o doutor Luiz Dourado lembrou importantes avanços brasileiros no desenvolvimento de políticas de Estado, a exemplo da efetivação do PNE (Plano Nacional de Educação), e concluiu “temos que redefinir ou reafirmar nossas concepções de educação, construir novas possibilidades e fronteiras de ratificação da educação pública”. E sobre os maiores desafios para o sindicalismo, a doutora Dalila pontuou: “Defender que a educação é mais ampla à medida que investimos nela e buscar o resgate da pedagogia popular latino-americana que deve se sobrepor ao IDEB e ao PISA. Os sujeitos coletivos têm sido enfraquecidos e desautorizados e nosso desafio é demonstrar que a luta dos sindicatos não é corporativa e é muito mais ampla que o interesse imediatista de um grupo de trabalhadores”.
No período da tarde, em mesa coordenada pelo PROIFES, foram palestrantes Cristina Helena Almeida de Carvalho, doutora em Ciências Econômicas pela Unicamp e professora da Faculdade de Educação da UnB, Fabio Betioli Contel, doutor em Geografia pela USP e professor do Departamento de Geografia da USP e Susan Robertson, pesquisadora e especialista em Economia Política Educativa e professora de Sociologia da Educação da Universidade de Bristol, no Reino Unido, que é uma das pesquisadoras trabalhando no estudo desenvolvido pela IE (Internacional da Educação) sobre a privatização em âmbito mundial.
Essa mesa proporcionou um panorama da atuação dos grandes grupos educacionais e como a legislação brasileira dá margem à expansão desenfreada dos mesmos e um acesso legal aos recursos públicos, a despeito do lucro que as mesmas obtêm com a educação, prejudicando a atividade docente e o próprio avanço educacional do país. Também foi momento de reflexão sobre a educação como um direito humano “precisamos aprofundar o debate sobre o modelo de sociedade, de educação e aprendizagem que desejamos desenvolver”, concluiu Susan Robertson.
A CNTE, a CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) e o PROIFES-Federação (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico), são as entidades brasileiras filiadas à IE (Internacional da Educação), unidas para confrontar essa investida neoliberal e fortalecer a educação pública de qualidade.
A CNTE defende que o setor privado precisa ser regulado, mas que os recursos públicos precisam ser destinados somente para a educação pública e essa atividade faz parte de uma série de ações que preparam a entidade para o enfrentamento ao processo de mercantilização da educação, através da elaboração de uma estratégia latino-americana que deve ser implementada pelas organizações sindicais de educação.
CNTE Informa 733