Curso de relações étnico-raciais atrai 800 profissionais em MT

Uma especialização semipresencial, de 420 horas e duração de 18 meses, em educação das relações étnico-raciais no contexto da educação de jovens e adultos atraiu 800 professores e técnicos da educação básica pública de Mato Grosso. Foram selecionados 200 concorrentes, dos quais 20% são servidores de secretarias municipais de educação.

A formação é ministrada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em polos de seis municípios do nordeste, sudeste, norte e centro-sul do estado. Iniciado em junho último, o curso será concluído em novembro de 2015. De acordo com a coordenadora da especialização, Maria Lúcia Rodrigues, a concorrência foi grande porque o tema desperta interesse entre os educadores. “Nossa lista de espera é grande. A expectativa é que o MEC autorize novas vagas ainda este ano”, afirma.

Os polos da UFMT estão em municípios pequenos, com população na faixa de 10 mil a 33 mil habitantes, como Água Boa, Arenápolis, Campo Verde, Colíder e Sapezal, além de Cuiabá, que tem 575,4 mil habitantes.

A professora Maria Lúcia, doutora em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, salienta que o currículo construído pela UFMT permite aos educadores obter amplo e detalhado conhecimento da educação das relações étnico-raciais, com olhar especial para a educação de jovens e adultos.

Nos sete encontros presenciais e nas atividades a distância, os cursistas vão estudar a história do preconceito na escola, a educação de jovens e adultos e o mundo do trabalho, relações raciais na sociedade brasileira, identidade e cultura afro-brasileira. O currículo completo aborda 13 temas. “A história da África (tema central da especialização) faz grande sucesso entre os professores”, diz Maria Lúcia.

A construção do currículo partiu de dúvidas e perguntas feitas por educadores. Além de aproveitamento escolar, o cursista precisa, para obter o certificado, fazer trabalho de conclusão no qual explique como pretende aplicar os conteúdos aprendidos na sala de aula. A qualificação atende determinação da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo da educação básica pública e particular.

Panorama — Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação mostram que 3.850 professores da educação básica pública ingressaram este ano em cursos de educação para as relações étnico-raciais pelo Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro). A formação abrange especialização e aperfeiçoamento semipresenciais e, para educadores quilombolas, aperfeiçoamento presencial.

Os cursos são ministrados em dezenas de polos de 19 universidades e em três institutos federais de educação, ciência e tecnologia filiados à Universidade Aberta do Brasil (UAB) nas cinco regiões do país. Dos 3.850 cursistas, 1.110 fazem aperfeiçoamento semipresencial (180 a 300 horas). Outros 1.540, especialização semipresencial (na faixa de 420 horas). Além disso, 1,2 mil professores quilombolas estão em cursos presenciais de 200 horas. A coordenadora-geral de educação para as relações étnico-raciais da Secadi, Ilma Fátima de Jesus, explica que educadores quilombolas recebem formação presencial pela dificuldade de acesso à internet banda larga nas escolas onde trabalham.

Além dos ingressantes em cursos este ano, outros 500 professores, selecionados em 2013, ainda estão em fase de formação. A Universidade Federal da Bahia (UFBA) desenvolve curso de extensão para 300 educadores do estado sobre ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), especialização em história e cultura afro-brasileira e africana, para 150 profissionais. A Universidade Federal do Piauí (UFPI), especialização sobre política de igualdade racial no ambiente escolar, para 50.

(Site MEC – 10.9.14 – Ionice Lorenzoni)

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