Delegados da IE dizem não à mercantilização da educação

Dentre os muitos desafios que os sistemas de educação pública enfrentam em todo o mundo, destaca-se a tendência cada vez maior à comercialização e privatização da educação. É preocupante o avanço na privatização da gestão escolar, e como os sistemas tem sido remodelados de acordo com interesses empresariais. Esse foi o tema da seção temática “Resposta global à comercialização e privatização da educação”, realizada no durante o 7º Congresso da Internacional da Educação, nesta quinta-feira.

Para a Internacional da Educação(IE), esse avanço representa uma ameaça não só aos próprios sistemas públicos de ensino, mas também a sua capacidade de promover a democracia, justiça social e igualdade.  Na reunião, os participantes analisaram os efeitos nefastos da privatização e debateram sobre as estratégias necessárias para por em pratica a resolução aprovada neste Congresso contra a mercantilização da educação.

Prachi Srivastava, especialista e pesquisadora da Universidade de  Ottawa, disse que o tema está presente há mais de dez nos congressos e eventos acadêmicos,  mas agora precisa ser visto como um problema cujo avanço deve ser detido. Segundo ela, os efeitos da privatização já têm sido sentidos em alguns países. Na Índia, por exemplo, a disparidade de qualidade de ensino e infraestrutura ofertados pelas escolas privadas é alarmante. Isso porque a preocupação com obter maiores lucros se sobrepõe a questão da qualidade.

Wilson Sossim, presidente do sindicato de professores do Kenia, disse que todos os sindicatos devem se aprofundar sobre essa questão e mostrou, em números, como Banco Mundial tem financiado grupos empresarias em seu país. Atualmente 96% do ensino é privado no Kenia. Segundo Francisca Castro, do Sindicato de Professores das Filipinas, o governo de seu país destina bilhões de dólares para financiar a educação privada.

A vice-presidente da Internacional da Educação na América Latina e secretária de relações internacionais da CNTE, Fátima Silva, destacou que uma das dificuldades de conter o avanço da privatização é que ela tem sido sustentada por uma base legal. Citou o exemplo da legislação brasileira, que destina 10% dos recursos do PIB para educação e não restringe o financiamento para o setor público, abrindo caminho para parcerias público-privadas e financiamento direto do setor privado pelos governos. “Uma das nossas tarefas agora, é monitorar o poder legislativo para pressionar os parlamentares contra iniciativas que levem à precarização da qualidade do ensino e desvalorização dos profissionais da educação. Lutar contra a privatização deve ser a principal agenda dos educadores em todo o mundo” concluiu.

(Site CNTE – 23/07/15)

Compartilhe nas redes:

Nenhum resultado encontrado.