“Desmonte” da literatura incentiva hábito da leitura em escola baiana

Professora de língua portuguesa e literatura brasileira no Colégio Lauro Farani Pedreira de Freitas, no município baiano de Iaçu, Elisabeth Amorim incentiva o hábito da leitura e sempre busca novas ideias para estimular os alunos a apreciar a atividade. Assim, para combater a resistência dos estudantes em relação à leitura, ela resolveu promover oficinas, na sala de aula, para “desmontar” a literatura. “Isso significa dizer desconstruir o texto, mudando de uma série discursiva para outra”, explica Elisabeth.

Segundo ela, os alunos passaram a transformar contos ou romances em charges, bilhetes, cartas, cartazes, cartuns, histórias em quadrinhos ou grafites em tamanho gigante. Os registros tiveram início em 2007. “Vejo tanta riqueza na produção desses estudantes que não consigo desistir de investir em uma educação de qualidade”, afirma.

Depois da criação do projeto Arte no Muro, pela coordenadora pedagógica Simone Lima Aragão, em parceria com os professores de arte, para valorizar os talentos da escola e permitir a estudantes de todas as séries e turnos expressar os dons artísticos, Elisabeth resolveu contribuir com o subprojeto Literatura é Arte! Com a colega Tânia Menezes, que também leciona literatura, ela passou a levar os alunos ao muro da escola para a desmontagem da literatura. Obras como Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, eVidas Secas, de Graciliano Ramos, além de livros de Monteiro Lobato, foram para o muro da escola, transformados em grafite.

O trabalho era precedido pela leitura de romances e contos, discussões e desmontes literários na sala de aula. Os estudantes também passaram a produzir anúncios gigantes, relacionados às obras literárias, e a espalhá-los nas paredes da escola. Para Elisabeth, era uma forma de aumentar a procura pelos livros anunciados e conquistar leitores. “Sou tão apaixonada pela literatura produzida pelos estudantes que criei uma revista para socializar as produções, a Perfil, revista literária do Lauro Farani”, revela a professora.

A revista, publicada de 2007 a 2011, voltada para a literatura desmontada, atende a todas as áreas e mudou o nome para Perfil: o Lauro em Foco. “Todos os resultados são significantes, pois a literatura desmontada dos estudantes do Colégio Lauro Farani ganhou a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) com a minha pesquisa de mestrado em crítica cultural”, diz a professora.

Única escola de segundo grau na cidade, a instituição, sob a direção da professora Ivanilza Queiroz, atende a aproximadamente 1,3 mil alunos nas modalidades ensino médio regular, técnico em agropecuária e Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja).

(Site MEC – 04/06/14 – Fátima Schenini)

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