É preciso separar o joio do trigo

O país atravessa um momento de instabilidade político-institucional com vários atores e situações corroborando para um cenário preocupante.

Por um lado, o governo reeleito pesou a mão no ajuste fiscal ao adotar medidas que não correspondem às expectativas de seu eleitorado, especialmente quanto ao seguro desemprego, às aposentadorias e pensões, aos financiamentos da casa própria e da universidade – políticas que necessitam de correções para evitar desvios recorrentes, porém numa condição de negociação permanente com os atores sociais para não gerar supressão de direitos.

Por outro, a mídia e os partidos políticos conservadores estimulam a deterioração do governo perante a sociedade, com atos capitaneados por grupos de extrema direita e neofascistas que pregam inclusive o golpe militar.

Na passeata da Avenida Paulista, no último dia 15, estava presente a esposa do maior banqueiro do Brasil, dizendo lutar pelos direitos de sua empregada doméstica. Algo no mínimo de mau gosto, diante dos lucros exorbitantes dos bancos e do arrocho imposto por essas instituições a seus empregados. Aliás, a própria empregada doméstica em questão não se encontrava na passeata!

Há na verdade em curso no Brasil uma ampla coalizão de direita para derrubar o projeto democrático popular, que mesmo com contingências ampara-se num modelo de desenvolvimento com inclusão social. E os meios de comunicação são a principal arma da direita no processo de convencimento popular em torno do golpe de Estado, seja na esfera política ou judicial.

O momento exige clareza dos movimentos sociais engajados no projeto de inclusão com geração de emprego e renda. É preciso pressionar o governo para retomar a pauta dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que se devem combater as tentativas de golpe promovidas por setores reacionários.

A agenda dos trabalhadores é por escola pública universal, democrática e de qualidade, por saúde para todos, segurança, moradia e emprego à população, e jamais podemos pactuar com artimanhas que coloquem em risco a democracia, em prol de interesses das elites que não conseguiram retomar o poder pelo voto popular.

Com relação à corrupção, é óbvio que deve ser combatida diuturnamente. E há que se fazer referência ao fato de nunca o Brasil ter apurado de forma tão ampla e profunda os casos envolvendo desvios de recursos públicos. A estrutura institucional avançou nos últimos anos com a criação da Controladoria Geral da União, com a aprovação da Lei da Transparência e a que pune corruptos e corruptores, com a condução do chefe do Ministério Público indicado pela maioria dos seus pares, com a autonomia investigativa da Polícia Federal, entre outras medidas.

Tal como ocorreu no dia 13 de março, no ato da CUT, a CNTE e seus sindicatos continuarão mobilizados em defesa da democracia, do combate à corrupção e da Petrobras, para que as riquezas do petróleo sejam investidas no bem estar do povo brasileiro.

Troca de Ministro da Educação – a saída do ministro Cid Gomes foi mais um episódio do acirramento em torno do projeto de sociedade que se tenta derrubar no país. A CNTE, tendo em vista seu compromisso com o aprofundamento das políticas de inclusão social e de universalização da escola pública de qualidade, espera que a presidenta Dilma indique um novo ministro comprometido com demandas socioeducacionais do país, as quais se pautam fundamentalmente na implementação do novo Plano Nacional de Educação, à luz da consolidação do Sistema Nacional de Educação, amparado pelo regime de cooperação institucional entre os entes federados.

Fonte: CNTE Informa

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