Estado não respeita realidade local ao implantar Reiventando o Ensino Médio e expulsa estudantes das escolas estaduais

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) relata a verdadeira realidade das 17 escolas estaduais de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, diferentemente das matérias noticiadas pela imprensa recentemente. Os noticiários trouxeram que o prédio da Escola Estadual Professora Maria de Barros foi invadido, no dia 12/03, por estudantes que depredaram a escola e prenderam os professores. Porém, vai além de uma simples ocorrência pontual ou isolada, como deixou transparecer nas declarações à imprensa a superintendente regional de Ensino de Ituiutaba, Ises Gomes.

Segundo levantamento do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), subsede Ituiutaba, a situação na região é de insegurança total, com várias escolas arrombadas e depredadas ao longo dos últimos anos. No caso da Professora Maria de Barros, a escola funciona em um prédio antigo, alugado pela Secretaria Estadual de Educação (SEE), com inúmeros problemas como goteiras nas salas de aula e uma reforma na quadra de esportes que se estende por mais de um ano, além da quadra não ser coberta, deixando de oferecer o mínimo conforto para as atividades dos estudantes.

Mas o problema maior da revolta dos estudantes, segundo o coordenador do Sind-UTE, subsede Ituiutaba, Darci Gerônimo, culminou com os transtornos causados pelo Programa Reiventando o Ensino Médio, imposto pelo Estado. Os estudantes estão sendo obrigados a sair mais tarde da escola em função do sexto horário e aqueles que trabalham, acabam chegando atrasado ao serviço, uma vez que precisam passar em casa para almoçar, já que a merenda escolar é oferecida apenas às 9h30 e o cardápio é pouco nutritivo, como pão com salsicha e molho e biscoito e suco.

“O governo do Estado quando implantou o Reiventando o Ensino Médio não levou em conta a realidade local das cidades do interior, principalmente, os municípios que têm como principal fonte de econômica a agricultura familiar”, avalia Darci Gerônimo. O turno noturno praticamente fechou para o Ensino Médio nas diversas regiões do Estado e as turmas que ainda são mantidas, atendem estudantes da zona rural. A evasão, no entanto, é cada vez maior já que, com a extensão do horário, inviabiliza o transporte escolar. Os veículos que transportam os estudantes deixam o local às 11h20, então, ou os estudantes saem mais cedo, antes de terminar o sexto horário ou, na maioria das vezes, estão abandonando a escola. “Os estudantes, moradores da zona rural, levantam de madrugada para ajudar na lida diária das propriedades familiares e não dão conta de ficar nas escolas até mais tarde”, afirma o coordenador.

São mais de 2mil estudantes nessa situação. Além disso, a exigência por parte da SEE da apresentação da Carteira de Trabalho assinada para matricular no noturno, tem afastado de vez, o estudante da escola. “O governo do Estado conseguiu acabar com o Ensino Médio nas escolas estaduais”, afirma Darci. Outro agravante, segundo o coordenador do Sind-UTE/MG, é a economia porca praticada pelo governo, deixando de designar trabalhadores na educação. “Há carência de mais de 300 trabalhadores de ensino. Faltam professores, Assistente Técnico de Educação Básica (ASB) eAuxiliar de Secretaria (ATB)”, denuncia o sindicalista.

Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, a situação relatada é preocupante. “Em todas as regiões mineiras a educação tem muitos problemas e, neste momento, o Ensino Médio é que representa o maior caos no setor. A negativa de matrícula, ou seja, a obrigatoriedade de carteira de trabalho assinada para matricular aluno no turno noturno; salas com ausência de cadeiras para alunos e professores; dificuldade de matrícula para alunos do Ensino Médio apenas ilustram o descaso do governo para com a educação no Estado. Por isso, toda a comunidade escolar, nas mais diversas regiões mineiras estão apoiando a Greve Nacional, que acontece hoje, amanhã e quarta-feira.”

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