Famílias de ocupações cobram posição da Prefeitura de Belo Horizonte

Manifestantes fecham avenida Afonso Pena e exigem definições sobre moradias e fim dos despejos

Famílias das ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória, Chico Xavier e Nelson Mandela protestam na porta da Prefeitura de Belo Horizonte e fecharam todas as pistas da avenida Afonso Pena, entre a rua da Bahia e rua Álvares Cabral,  no Centro da capital na manhã desta segunda-feira (2). Os manifestantes pedem uma posição do governo municipal em relação às áreas ocupadas e possibilidade de despejo das famílias. Segundo líderes das ocupações, as 70 famílias da Nelson Mandela, no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul da cidade, estão ameaçadas de despejo e a reintegração de posse da área, que pertence ao município, pode acontecer nesta terça-feira (3).

A manifestação ocorre ao mesmo tempo que uma reunião de negociação com governo do Estado, na Cidade Administrativa, sobre a implantação na Grande BH do modelo de moradias populares definido pela Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab). Neste encontro também são debatidas as reintegrações de posse que podem acontecer a qualquer momento nas comunidades.

Por volta das 12 horas, as famílias saíram da avenida Afonso Pena e seguiram em direção à sede da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). As ocupações querem ser recebidas pelo presidente da Urbel, Genedempsey Bicalho Cruz, ou pelo prefeito Marcio Lacerda para incluir a prefeitura no processo de negociação com o governo estadual.

Participam do encontro na Cidade Administrativa o chefe de gabinete do secretário de Planejamento Helvécio Magalhães, o presidente da Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab-MG), Claudius Vinicius, a Defensoria Pública de Minas Gerais, a Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público, representantes das três ocupações urbanas, dos movimentos sociais, membros da Associação dos Arquitetos Sem Fronteiras (ASF) e professores apoiadores da PUC Minas.

“Em dezembro conversamos com o presidente da Urbel e pedimos que nos apresentasse alternativas para as famílias das ocupações”, afirmou Charlene Cristiane Egídio, da Ocupação Rosa Leão. “Tentaram os despejar em dezembro, mas resistimos e eles recuaram. Agora somos ameaçados de novo. As famílias não têm condições de sair e procurar casa para alugar. A prefeitura propôs a transferência para o Abrigo São Paulo. Não concordamos em ir para lá, pois a prefeitura nos enquadraria como moradores de rua. Aceitamos ir para a Granja de Freitas, onde podemos ocupar quartos individuais. Outras opções aceitáveis seriam a bolsa-aluguel ou a inclusão das famílias no projeto Minha Casa, Minha Vida”, disse Romerito Richard, da Ocupação Nelson Mandela.

Para Romerito, as famílias não ocupam área de risco, como vem argumentando a prefeitura. “Um geólogo já nos garantiu que a área não oferece qualquer perigo. “A prefeitura afirma, também, que a área é destinada a um parque, que a água do local estava em processo de tratamento e que a barragem de contenção é perigosa para os moradores. Só que encontramos o terreno abandonado, cheio de lixo e servindo para desova de indigentes. Muitas famílias foram para lá porque se cadastraram no programa Minha Casa, Minha Vida há muitos anos e não conseguiram a moradia”, acrescentou.

(Site CUT/MG – Rogério Hilário – 02/02/15)

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