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Greve dos eletricitários ganha mais adesões no Estado e força nova reunião de negociação

  • 11/12/2015


No 15º dia da greve, os eletricitários deram mais uma demonstração de que estão cada vez mais unidos para conquistar. Na quarta-feira (9), caravanas de várias partes do Estado se juntaram aos trabalhadores da capital e, debaixo de chuva, com direito a buzinaço e apitaço, fizeram uma grande passeata até a Assembleia Legislativa, onde participaram de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos.

Eram tantos trabalhadores que o plenário da Assembleia Legislativa (ALMG) ficou pequeno e a audiência que debateu a greve, a gestão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), e o descumprimento de compromissos, teve que ser realizada na Praça das Bandeiras, do lado de fora da ALMG. Como resultado da audiência, foi agendada uma reunião de negociação para a tarde desta quinta-feira (10).

As reivindicações dos trabalhadores, que passam pela distribuição de lucros da empresa, o fim da precarização e da terceirização, a adoção de novas políticas de saúde e segurança, e, ainda, a valorização profissional, foram debatidos na quarta-feira (9) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O coordenador geral do Sindieletro-MG, Jefferson Silva, destacou a responsabilidade da Cemig pela greve. “Estamos negociando com a empresa desde o início do ano e durante esse tempo todo a Cemig só apresentou propostas de retirada de direitos. Isso é inadmissível em um governo do PT”. Jefferson denunciou, ainda, o assédio promovido por gerentes e superintendentes para que os eletricitários retornem ao trabalho.

Jefferson Leandro Teixeira da Silva disse que a greve é fruto de exaustivas tentativas que a categoria tem feito desde fevereiro para negociar com a empresa, que, segundo ele, tem se mostrado incompetente e insensível diante das reivindicações apresentadas. Ele questionou se o atual governo vai manter a mesma política do anterior ou se vai adotar uma nova postura de negociação, rompendo com a iniciativa privada e garantindo a distribuição de renda e a valorização em cada posto de trabalho. “As mesmas pessoas que sucatearam a empresa permanecem na mesa de negociação”, protestou.

O coordenador geral do Sindeletro-MG leu ainda uma carta que foi encaminhada ao governo em que aponta os principais pontos de reivindicação da categoria. Entre elas estão ainda a contratação imediata de 1.500 eletricistas do concurso público em aberto, um novo plano de cargos e remunerações, promoção dos aprovados na seleção interna e aumento real. Sobre isso, Silva lembrou que somente este ano cinco trabalhadores terceirizados morreram a serviço da Cemig.

A carta ratifica o repúdio da categoria diante das dificuldades de negociação com a empresa, mencionando que os trabalhadores foram surpreendidos com propostas de redução na remuneração e cortes de conquistas e direitos. Segundo o documento, a Cemig estaria propondo a redução de até 80% do capital do seguro de vida em grupo e o adiamento do pagamento da verba de promoção profissional, além da redução do tíquete refeição.

No documento, o Sindeletro-MG aponta que a Cemig propõe uma redução de 50% do montante de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), apesar da empresa apresentar um lucro superior a R$ 2 bilhões, o que corresponderia a 8% a mais do que o lucro no mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com a carta, no esforço de viabilizar as negociações e “entendendo as dificuldades do primeiro ano de mandato”, a categoria aceitou reduzir o montante do PLR. Entretanto, para proteger os menores salários, os trabalhadores reivindicam que a distribuição seja linear, ou seja, ocorra de forma igual para todos.

Por fim, Silva repudiou o assédio que alguns trabalhadores têm sofrido de gerentes e diretores da empresa por quererem manifestar e garantir seu direito de aderir ao movimento grevista.

A presidenta da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT/MG), Beatriz Cerqueira, ressaltou a importância da Comissão de Direitos Humanos em acolher e não colocar empecilhos em receber os trabalhadores. Ela lembrou que a greve é um exercício de luta e paciência e que, por isso, precisa ter a atenção necessária. Beatriz também disse que já passou da hora de o Governo do Estado escolher se a sua base social será composta pelos servidores da administração, que fazem o enfrentamento no Estado, ou se será a mesma do governo anterior, baseada em alianças com empreiteiras e mineradoras.

Por fim, Beatriz Cerqueira, referindo-se à conjuntura política nacional, manifestou-se contrária ao que chamou de uma tentativa de golpe. “Tenho críticas à presidente, mas um erro dela não pode justificar um golpe, porque impeachment sem crime é golpe. A democracia é fundamental para a conquista e a manutenção de direitos”, defendeu.

Afirmando haver “continuidade da perversidade dentro da Cemig”, vários grevistas criticaram a postura da direção da empresa, e também do Governo do Estado, sobretudo com relação à falta de negociação e de uma contraproposta justa às reivindicações dos grevistas. Entre as críticas feitas pelos trabalhadores estão o que eles chamaram de “concentração de renda” dentro da empresa e a terceirização dos serviços.

Mateus Alves Vaz Melo, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destacou que a luta dos trabalhadores é pela vida, pela dignidade e contra a retirada de direitos. Ele também lamentou a falta de resposta por parte do Governo do Estado. “A Cemig tem lucros bilionários e não repassa em qualidade nos serviços prestados ou em direitos aos trabalhadores. Esta é a mesma lógica que levou ao desastre em Mariana. Por isto, esta é uma luta pela vida, pela soberania, para que o lucro que geramos não vá apenas aumentar a riqueza de acionistas, e sim seja também revertido para melhorar as condições de vida da população, da classe trabalhadora. E é uma vergonha, com 15 dias de greve, o Governo não apresentar uma proposta”, concluiu.

Os deputados Cristiano Silveira (presidente da Comissão de Direitos Humanos), Marília Campos e Rogério Correia reafirmaram o apoio à luta dos eletricitários e aprovaram a realização de uma audiência pública no início do próximo ano para fazer um balanço de um ano da gestão petista na Cemig.

Greve cada dia maior com novas adesões
Os eletricitários do Sul de Minas entraram em greve por tempo indeterminado, na quarta-feira (9). Agora, os eletricitários de todo Estado estão parados contra a enrolação da empresa. A adesão chegou em boa hora. Vamos precisar de toda força para pressionar o governo e a Cemig.

Reunião pode definir o rumo da Campanha
O Sindieletro-MG e as demais entidades sindicais reúnem-se na tarde desta quinta-feira com o secretário de Estado de Governo, Odair Cunha, e com o presidente da Cemig, Mauro Borges, para negociar um acordo para a Campanha Salarial 2015/2016. A reunião contará com a intermediação dos deputados Marília Campos e Rogério Correia.

Cobramos, sobretudo, que o governo honre os compromissos assumidos pelo governador Fernando Pimentel com os eletricitários, de valorização profissional, fim da terceirização e de profundas mudanças na Cemig. Em tempos em que é cada vez mais difícil saber quem de fato está do lado da classe trabalhadora, exigimos um posicionamento claro do governo e da gestão da Cemig.

O Sindicato reitera que sempre buscou todos os meios de negociação em defesa da pauta dos eletricitários. A nossa categoria jamais fugiu à luta.

Vamos defender direitos e lutar pelas nossas conquistas, sempre!

Carta ao governador Fernando Pimentel
O Sindieletro-MG encaminhou na quarta-feira (9), uma carta ao governador Fernando Pimentel, solicitando intervenção nas negociações com a Cemig para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho. O Sindicato também cobrou do governador os compromissos que assumiu com os eletricitários durante a campanha eleitoral, em 2014.

Os trabalhadores da Cemig estão em greve há 16 dias. Eles  reivindicam aumento real de 6% pela produtividade de 2014 e 4,87% pela produtividade de 2015, contratação imediata de 1.500 eletricistas na Cemig, aprovados no último concurso público, e assinatura de Acordo de Primarização (fim das terceirizações das atividades-fim), conforme compromisso do governador Fernando Pimentel, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) com distribuição linear e garantia de emprego, entre outras.

A Cemig ofereceu reposição das perdas em 10,3%, mas com corte na Participação nos Lucros e Resultados, redução de até 80% do capital do Seguro de Vida Coletivo, não cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras e ainda condicionou o acordo à retirada de ações trabalhistas.
Abaixo, confira a carta encaminhada ao governador:
____________________________________________________________________________

Belo Horizonte, 9 de dezembro de 2015.
Exmo. Senhor Fernando Pimentel
DD. Governador do Estado de Minas Gerais
Rodovia Prefeito Américo Gianetti, S/Nº-Serra Verde Palácio Tiradentes-Cidade Administrativa
31.630-901 – Belo Horizonte – MG
Senhor Governador,
Os trabalhadores da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig, em greve há quinze dias, vêm solicitar sua intervenção nas negociações, visando a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria.

Desde a posse da atual direção da Empresa, temos cobrado as mudanças na gestão da Cemig e buscado negociar o cumprimento dos compromissos assumidos por V.Exa. com os trabalhadores e a sociedade. Em especial, cobramos a contratação imediata de 1.500 eletricistas do concurso público em aberto, um acordo específico com regras e calendários visando o fim da terceirização das atividades-fim, uma nova política de saúde e segurança, medidas concretas para a valorização profissional, como o novo Plano de Cargos e Remuneração, promoção dos aprovados na seleção interna e aumento real.

No entanto, fomos surpreendidos com propostas que, em vez de avanços, trouxeram redução na remuneração e cortes de conquistas e direitos. A gestão da Cemig está propondo a redução de até 80% do capital do seguro de vida em grupo; exige a renúncia de uma ação jurídica do Sindicato contra a empresa por descumprimento de Acordo Coletivo em 2007/2008; quer adiar o pagamento de verba de promoção profissional e, ainda reduzir o tíquete-refeição dos eletricitários.

A Empresa também propõe a redução de 50% do montante de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), retira o pagamento mínimo acordado em todos os anos anteriores e, ainda, impõe que este acordo tenha validade de quatro anos.

No esforço de negociação, mesmo com a empresa apresentando um lucro superior a R$2 bilhões, 8% superior ao mesmo período do ano passado, mas entendendo as dificuldades do primeiro ano de mandato e visando construir um acordo virtuoso, a categoria aceitou reduzir o montante da PLR. Mas, para proteger os menores salários, os trabalhadores querem a distribuição de forma igual para todos (linear). Também nas demais reivindicações, buscamos diminuir impactos iniciais, mas mantendo a essência dos compromissos de fim da terceirização e de valorização profissional.

Infelizmente, a atual gestão da Cemig tem virado as costas para os trabalhadores e optado por manter e até ampliar os privilégios de poucos.

Neste ano em que propõe cortes aos trabalhadores, a direção da estatal aprovou aumentos superiores a 60% para conselheiros e assessores de recrutamento amplo, além de criar mais cargos de diretores, assessores, superintendentes e gerentes. Enquanto corta tíquete-refeição dos trabalhadores, a diretoria aprovou aumento de diárias para viagens internacionais de U$500 para U$1.000 e, agora, protege os salários mais altos na distribuição da PLR.

Não podemos aceitar que compromissos virem letra-morta e, para que seu governo não caia no completo descrédito dos eletricitários, solicitamos sua intervenção imediata nas negociações.

Atenciosamente,
Jefferson Leandro Teixeira da Silva SINDIELETRO/MG – Coordenador Geral



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