Janeiro Branco: Reconhecer a importância da saúde mental dos(as) educadores(as) é fundamental, assim como implementar medidas para apoiá-los

A sobrecarga de trabalho e a precarização profissional têm gerado intenso adoecimento físico e mental dos(as) educadores(as). É inegável que nos últimos anos as doenças relacionadas à saúde mental, como depressão, síndrome do pânico e ansiedade têm acometido grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras.

Especificamente entre os profissionais da educação este cenário não é diferente, conforme destacado pelo livro “Seminários Trabalho e Saúde dos Professores: Precarização, Adoecimento e Caminhos para a Mudança”, recentemente lançado pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

O ambiente escolar é desafiador, com demandas constantes que ultrapassam as salas de aula. A pressão para atender às expectativas acadêmicas e lidar com questões administrativas e burocracias, principalmente, para os profissionais da rede pública, pode resultar em um nível significativo de estresse. Além disso, as mudanças frequentes nos métodos de ensino, o uso de tecnologia e as demandas sociais adicionam uma camada extra de complexidade ao trabalho desses profissionais.

Pesquisadores apontam que, seja na rede pública ou privada, os professores enfrentam problemas de saúde comuns, destacando distúrbios mentais como síndrome de burnout, estresse e depressão como predominantes. Na sequência, surgem questões relacionadas à voz e distúrbios osteomusculares (lesões em músculos, tendões ou articulações).

A falta de apoio emocional e recursos adequados nas instituições educacionais pode agravar os desafios enfrentados pelos educadores. A ausência de programas eficazes de promoção da saúde mental nas escolas deixa os profissionais sem as ferramentas necessárias para lidar com o estresse e os desafios emocionais diários.

Frida Fischer, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), destaca que entre os desafios enfrentados pelos docentes estão a perda de voz, perda auditiva, distúrbios osteomusculares e, mais recentemente, problemas de saúde mental. Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) já havia indicado que a saúde mental dos professores estava sendo afetada, e a pandemia do novo coronavírus pode ter agravado essa situação.

Renata Paparelli, psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, ressalta que a violência, seja física (agressões e ameaças) ou psicossocial (assédios e gestão escolar), contribui para o adoecimento dos professores. A falta de recursos e condições adequadas, incluindo infraestrutura precária, salários baixos e jornadas excessivas, é outro fator mencionado.

Reconhecer a importância da saúde mental dos(as) educadores(as) é fundamental, assim como implementar medidas para apoiá-los. Isso engloba o desenvolvimento de programas de bem-estar que abordem o estresse no ambiente de trabalho, a promoção de práticas de autocuidado, valorização profissional e o fornecimento de recursos para enfrentar situações desafiadoras. Além disso, criar uma cultura escolar que valorize a saúde mental e incentive a comunicação aberta sobre o tema pode contribuir para um ambiente mais saudável e sustentável.

Investir na saúde mental dos educadores não apenas beneficia esses profissionais individualmente, mas também tem um impacto positivo no desempenho escolar, na qualidade do ensino e na formação de uma geração mais saudável emocionalmente.

Reconhecer e priorizar a saúde mental dos(as) educadores(as) é um passo crucial para criar uma escola mais saudável, acolhedora, humana e produtiva.

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