Lula abre 12º Congresso Estadual da CUT/MG

A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) abriu oficialmente seu 12º Congresso Estadual  (12º Cecut) na noite de  sexta-feira (28) com  Ato em Defesa da Democracia e da Petrobras, que contou com a presença do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte. O 12º Cecut tem como tema “Os desafios da classe trabalhadora em Minas e no Brasil” e homenageia Luiz Fernando Carceroni. O ato também abriu o 44º Congresso Estadual da União  Estadual dos Estudantes (UEE). Mais de quatro mil pessoas participaram da atividade. Elas ovacionaram o ex-presidente e cantaram parabéns para a CUT, que comemorou 32 anos na sexta-feira.

A Tribuna de Honra do ato foi formada pelo ex-presidente Lula, o presidente da CUT, Vagner Freitas; a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira; Luiz Dulci; dirigentes das CUTs Regionais,  de confederações, federações e sindicatos CUTistas, da UEE, da UNE, do MST, do MAB, de movimentos sociais e populares e parlamentares.

“É um direito legítimo vocês não concordarem com o nosso governo, mas se vocês quiserem governar vão ter que esperar e disputar em 2018”, avisou à oposição o ex-presidente Lula, durante abertura do 12º Congresso Estadual da CUT MG, realizada nesta sexta-feira (28), no Chevrolet Hall. Durante seu discurso no ato em defesa da democracia e da Petrobras, Lula criticou o protesto elitizado dos que não aceitam o resultado das eleições, destacou que o Brasil tem um potencial extraordinário para vencer a crise e conclamou a CUT a ajudar a presidente Dilma Rousseff a governar o país, de forma que os pobres e trabalhadores não vejam seus direitos serem perdidos.

A abertura do evento aconteceu por volta das 19h com a apresentação teatral e musical da história e das conquistas da esquerda. Em seguida, representantes de diferentes movimentos sociais e sindicais, além de deputados mineiros compuseram a mesa. Primeiro a falar, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, afirmou que a Petrobras foi sucateada, mas que o povo vai lutar por essa empresa que é de todos os brasileiros. “Eles estão querendo tomar a Petrobras de nós, mas nós vamos brigar nas ruas por ela”, disse.

Sônia Mara, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), lembrou a importância da Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político para impedir o retrocesso nos direitos conquistados. O coordenador do MST em Minas Gerais, Silvio Neto, afirmou que o Brasil precisa de mais direitos dos trabalhadores e menos Levys e Eduardos Cunha. “A oposição pode bater suas panelas de alto custo, mas é a mobilização social que vai mostrar que ninguém vai passar por cima dos nossos direitos”, frisou.

O presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, afirmou que a atual crise política foi causada por uma minoria que não aceita os resultados das urnas, o que abre portas para a crise econômica. “Conclamo a essas pessoas que entendam que não vai ter golpe e que o terceiro turno precisa acabar. Manifestações como essa que vimos aqui na porta não ajudam em nada e mostram apenas intolerância e preconceito contra a classe trabalhadora”, afirmou.

A presidente da CUT MG, Beatriz Cerqueira, afirmou que a abertura do congresso da CUT é momento de fazer compromissos e, por isso, ela reafirmou o compromisso da central de continuar lutando pelos trabalhadores e contra o neoliberalismo. Ela também destacou a luta pela Petrobras, pela democracia e lembrou que a CUT não concorda com a política econômica do governo federal. “O ajuste fiscal precisa ir para aqueles que têm dinheiro para pagar essa conta”, disse.

O ex-presidente Lula iniciou seu discurso por volta da 20h. Ele ironizou o protesto da oposição realizado na porta do Chevrolet Hall e disse que eles aprenderam a manifestar com a esquerda. Mas, para Lula, a diferença é que a oposição protesta porque está incomodada com os direitos conquistados pela classe trabalhadora. “Nós protestávamos para aumentar o salário mínimo e eles protestam porque nós conseguimos. Nós protestávamos para ter mais educação, e eles porque o filho do pedreiro agora pode ser engenheiro. São privilegiados que não se conformam que os pobres tenham tido ascensão social”, disse.

Ainda sobre os protestos da oposição, Lula criticou as palavras de ódio proferidas contra Dilma Rousseff. “Eu nunca tive coragem de falar um palavrão contra um presidente da república. Essas pessoas estudaram demais, mas não têm educação porque falaram palavrão para presidente”, afirmou. Ele também destacou que a democracia e soberania das urnas vão prevalecer contra os pedidos de golpe. “É um direito legítimo vocês não concordarem com o nosso governo, vocês protestarem contra o nosso governo, cobrarem aquilo que vocês acham que nós não estamos fazendo correto. Mas se vocês quiserem governar vão ter que disputar e esperar 2018 e não fazer golpe para tirar a presidente”, avisou.

O ex-presidente também defendeu a soberania da Petrobras e destacou que o Brasil tem um potencial extraordinário para vencer a crise. “Em dezembro do ano passado esse país tinha apenas 4,8% de desemprego. A gente está vivendo dificuldades agora, mas quem é que não tem dificuldades? E quando a gente tem dificuldade a gente não fica chorando, a gente levanta a cabeça e vai resolver o problema”, destacou.

Lula também deu seu recado à CUT, dizendo que a central pode não concordar com todas as ações da presidente, mas que não tem dúvida de que os trabalhadores vão apoiar Dilma e ajudá-la a fazer um governo melhor. Como se falasse diretamente para a presidente, Lula afirmou: “A CUT não concorda com tudo do seu governo, mas ela sabe o que você representa para esse país. Ela vai te ajudar a reduzir a inflação, a pensar modelos de desenvolvimento que possa gerar emprego, vai trabalhar para que você cumpra sua promessa de assentar todas as famílias e lutar para que nenhum direito seja perdido”

Regimento e lançamento de livro

Mas as atividades do 12º Cecut começaram à tarde, no auditório do Hotel Ouro Minas. Após credenciamento, os delegados aprovaram o Regimento Interno. Os trabalho foram abertos por Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT/MG e coordenador adjunto do Congresso. Compuseram a primeira mesa Lourdes Aparecida de Jesus Vasconcelos, secretária de Organização e Política Sindical;  Abdon Geraldo Guimarães, da Direção Estadual da CUT/MG;  e Rosângela Costa, do Sindifes.

Aprovado o Regimento Interno, nova mesa foi composta para o  lançamento do livro “As Faces da Indústria Metalúrgica no Brasil: Uma Contribuição à Luta Sindical”, dos técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômcos (Dieese)  Marcelo Figueiredo Santos e André Cardoso. A obra foi produzida pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT).  Carlos Magno de Freitas, vice-presidente da CUT/MG,  José Wagner Moraes de Oliveira, presidente da Federação  Estadual dos Metalúrgicos (FEM-MG/CUT), e Alexandra Fernandes Amaral, vice-presidente, coordenaram a mesa, que contou com a presença dos autores. Shakespeare Martins de Jesus, Jacy Afonso e José Celestino Lourenço, da CUT Nacional, participaram das duas atividades.

“Esperamos que, com o livro, possamos contribuir com os debates deste Congresso e que os estudos do Dieese ajudem a classe trabalhadora a enfrentar a atual conjuntura. Os companheiros do Dieese vão expor as várias análises que fizeram de dez anos da indústria brasileira. Podemos, com ele, ter a noção do que faltou neste histórico de uma década de lutas dos metalúrgicos contra os patrões “, afirmou José Wagner Moraes de Oliveira.

Antes de falar sobre o livro, o técnico André Cardoso recitou o poema “Operário na Construção”,  de Vinícius de Morais. “Tivemos três grandes políticas industriais, que aumentaram o mercado interno e o consumo.  Em 2011, o Plano Brasil Maior alavancou o setor naval, que de 11 mil empregos passou a 70 mil, por causa dos investimentos da Petrobras. Temos desafios e grandes problemas a resolver no setor industrial. A indústria não conseguiu fazer mudanças estruturais. Ainda é muito atrasada, dependente do capital estrangeiro. Estamos numa encruzilhada, num momento importante. É necessário um projeto de nação,  um projeto popular da indústria. Conseguimos, com o livro, iniciar a discussão com trabalhadores de todos os ramos”, disse o técnico do Dieese.,

“É um prazer participar do lançamento aqui no Cecut. Agradeço aos companheiros do Dieese que participaram da construção deste trabalho. O período que verificamos é fundamental para que possamos buscar estratégias futuras. Na construção do livro, dividimos os estudos em seis capítulos:  setor aeroespacial, setor automotivo , setor de capital,  setor eletroeletrônico  e setor naval. O sexto faz um diagnóstico da siderurgia e da metalúrgica básica. De 2003 a 2013, chegou-se a 2,5 milhões de trabalhadores.  O livro ressalta o crescimento do emprego, mas retrata algumas distorções e indica como avançar na pesquisa sobre o setor metalúrgico. A concentração de empregos ainda é maior no Sudeste. E o mercado de trabalho tem traços marcantes, como a diferença de gênero, a diferença salarial e o setor ainda tem muitos acidentes de trabalho, numa média acima de outros setores. O livro é uma contribuição do Dieese e do movimento sindical”, disse Marcelo Figueiredo Santos.

Foto: Lidyane Ponciano/FotoImagem

(Site CUT/MG – 29/8/15 – Rogério Hilário)

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