Notícias

Mais políticas públicas para libertar o povo negro da opressão social

  • 23/11/2015


Neste 20 de novembro, comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra e a CNTE parabeniza a todos/as que lutam pela verdadeira libertação do povo negro, que vai além do respeito à cor da pele, mas de proporcionar igualdade de acesso com qualidade às escolas, universidades, empregos privados e públicos, assim como em cargos eletivos e em todas as relações que envolvem nossa sociedade.

A situação do negro brasileiro ainda é bastante desafiadora. De acordo com dados do Mapa da Violência 2015 (FLACSO-Brasil), 77% das vítimas de homicídio são negras, 74% da população carcerária é composta de negros e pardos e, nos últimos 10 anos, o índice de homicídios contra a mulher negra aumentou 54% enquanto que entre as mulheres brancas diminui cerca de um terço.

Já a pesquisa do DIEESE sobre a situação do negro no mercado de trabalho (2012), mostrou que o desemprego era 20% mais alto na população negra, e na média geral, a remuneração por hora dos/as trabalhadores/as negros equivalia a 63,9% da dos não negros. Outra informação reveladora foi sobre as ocupações de negros e brancos na economia nacional. Entre os trabalhadores braçais na construção civil, os negros eram maioria em todas as capitas pesquisadas, a exemplo de Belo Horizonte (62,2% de negros contra 38,6% de brancos), DF (54,5% contra 29,4%) e São Paulo (67,4% contra 52,6%). Entre os empregados domésticos, faxineiros, lixeiros, serventes e camareiros, os índices registrados pela pesquisa do DIEESE foram de 17% de negros contra 3,9% de brancos em Belo Horizonte, de 15,6% contra 8,6% no DF, de 17,9% contra 7% em Porto Alegre e de 22% contra 11,1% em São Paulo.

Alguns dados, no entanto, demonstram uma evolução no processo de inclusão social da população negra. Estudo do Instituto Unibanco com base na Pnad-IBGE revelou que, em 2013, 51% da população de 15 a 17 anos estava no ensino médio. Dez anos antes, o índice era de 34%. Em 2001, 53% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estavam na educação fundamental. Agora, são 32%.

Para a CNTE, esse processo de escolarização se deve a algumas políticas públicas implementadas na última década, entre elas, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb, que financia as matrículas da creche ao ensino médio em contraposição ao Fundef, que priorizava apenas o ensino fundamental. Não obstante a necessidade de prover mais financiamento público para a escola de nível básico, que detém qualidade abaixo da exigida pela sociedade, segundo a Pnad-IBGE, entre 2002 e 2011, a proporção de jovens negros com 11 anos ou mais de escolaridade passou de 33,7% para 54,1%.

Já as políticas de cotas nas universidades públicas e em empregos públicos e o acesso facilitado à faculdade através do Prouni, do Fies e do Enem – políticas que incentivam a continuidade dos estudos e fazem com que uma população historicamente discriminada comece a ver “luz no fim do túnel” – podem ser avaliadas pelos dados do IBGE que mostram que entre 2001 e 2011 o percentual de negros entre 18 e 24 anos matriculados nas universidades subiu de 10,2% para 35,8% – número ainda muito inferior à de brancos, 65,7%.

Mesmo ciente de que as políticas de cotas raciais e sociais são transitórias, a CNTE mantém sua defesa intransigente às mesmas, pois os dados estatísticos já constatam um virtuoso processo de transição em nossa sociedade, e é preciso continuar nessa direção, com políticas públicas de melhor qualidade. O discurso da meritocracia numa sociedade injusta, preconceituosa e racista como a brasileira é, no mínimo, um engodo defendido por quem não quer abrir mão de privilégios históricos que mantiveram a população negra submissa e excluída socialmente e invisível perante as políticas públicas.

CNTE Informa



Multimídia


Newsletter Sind-UTE/MG


    Informativo Ver todas


    Informativo Especial de Greve - A luta sempre vale a pena
    6/4/2022 - Informa Especial de Greve
    Informativo Especial de Greve
    Especial Jurídico
    188
    187
    186
    185
    184

    Cadastre-se aqui!

    img

    Links



    Opinião

    Todos artigos