Os golpes de estado em Honduras e Paraguai

No período da tarde do Encontro Pedagógico Latinoamericano sobre Educação Pública, Democracia e Resistências, foram apresentadas as realidades à luz da visão dos trabalhadores e trabalhadoras dos golpes de Estado e suas consequências para os povos do Paraguai e de Honduras e a realidade dos trabalhadores na Argentina.

Os convidados, Elías Munõz Varela, de Honduras (COLPROSUMAH), Miguel Duhalde, Secretário de Educação CTERA (Argentina) e Juan Gabriel Spinola, Secretário Geral Otep-Autêntica (Paraguai) fizeram abordagens, com apresentação de slides e filmes, sobre as experiências dos seus países.

Registraram o que normalmente resta depois de um golpe e foram unanimes em dizer que direitos sociais e perseguições a trabalhadores e a sindicalistas são contínuos e que as leis, simplesmente, desaparecem.

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Honduras

Elías Munõz contou como se deu todo o processo de desgaste, enfrentamentos, perseguições até a prisão do presidente Manuel Zelaya. Mostrou, por meio de vários slides, como foi arquitetado o processo de golpe.

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Esse movimento teve apoio e ajuda internacionais, participação direta e efetiva do judiciário e do parlamento hondurenho. As elites burguesas, os empresários e a mídia também estiveram articulados aos que defendiam o golpe.

Depois do golpe, não resta muito a um povo que busca dignidade e melhores condições de vida. É difícil até contabilizar as perdas e Elías arriscou dizer que no seu país hoje as leis perderam a força de assegurar os direitos do povo, os trabalhadores não têm emprego, as pessoas não têm saúde, muito menos acesso a uma educação pública de qualidade. “Mas, ainda assim, teremos que lutar, se quisermos uma vida melhor para o conjunto da sociedade. Por isso, é muito importante essa nossa unidade”, reforçou.

Paraguai

Bem semelhante ao que vivemos hoje no Brasil é a realidade do Paraguai, apresentada por Juan Gabriel Spinola, Secretário Geral Otep-Autêntica (Paraguai). “Vivemos algo bem parecido com o Brasil, ou seja, um golpe parlamentar. A grande diferença é que o Presidente Lugo foi deposto em menos de duas horas, não sofrendo o desgaste psicológico e midiático que a presidenta Dilma Rousseff vem sofrendo”, afirmou.

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Nesse processo, segundo ele, estão envolvidos os seguintes atores: Congresso, Igreja Católica, empresários  e partidos políticos. “Também vivemos sob o lema: Deus/Pátria/Família, com os meios de comunicação dominando esse discurso, que pertence às forças conservadoras”.

Argentina

Encerrando os debates do dia, Miguel Duhalde, secretário de Educação CTERA/Argentina, abordou sobre “A Unificação das Lutas no Governo Macri”, que segundo ele é o Temer de lá. “Amargamos perdas de direitos. As medidas neoliberais do governo Macri só servem às elites, apesar dele ter chegado ao poder com o voto da classe popular”, afirmou.

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Quem critica a política de Macri, segundo Duhalde, é perseguido  “Ele governa para os ricos e em poucos meses criou um milhão e meio de pessoas mais pobres, com perda de postos de trabalho e medidas de arrocho salarial”.

Entre as principais perdas, citou direitos sociais conquistados no governo de Cristina  Kirchner, marcados pela redução da pobreza, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), punição aos militares que atuaram durante a Ditadura Militar Argentina. “Ela enfrentou também os interesses de setores mais conservadores da imprensa e os proprietários de terra. Avançou em políticas sociais. Nosso desafio é voltar a levantar a bandeira de que a educação é um direito social e que envolve os âmbitos político e cultural”.

Livro

O jornalista Leonardo Wexell Severo, redator-especial da Hora do Povo e observador internacional do caso no Tribunal de Sentenças de Assunção, fechou a programação do dia 07 de junho lançando o livro “Curuguaty, carnificina para um golpe”. Ele narrou os fatos que sustentaram o golpe contra o presidente Fernando Lugo. Em detalhes, falou do sofrimento das pessoas, especialmente, das mães que perdem ou estão com filhos presos.

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Sua obra denuncia a responsabilidade da grande mídia que se silenciou quando deveria falar e contribuiu para  criminalizar os movimentos sociais e impor o retrocesso aos países latinoamericanos. Esse processo todo custou a vida de 17 pessoas, entre elas, 6 policiais e 11 camponeses. “Esse livro também faz uma intensa defesa dos camponeses que merecem absolvição, mas já estão há 4 anos presos e não têm noção de quando serão julgados. Enquanto isso, são jogados de um lado para outro”, afirmou Severo. Para ele, golpes como o que aconteceram no Paraguai e em outros países da América Latina distanciam, cada vez mais, a população de um projeto político justo e solidário, ao mesmo tempo em que reforça o comportamento subimperialista e de subserviência ao grande capital.

Textos: Studium Eficaz e Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

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