Professores descontentes

Publicado em Terça, 31 Março 2015 23:10
Luiz Gonzaga Bertelli
Presidente executivo do CIEE

A melhoria no ensino da rede pública passa pela necessidade de qualificação dos professores e apoio para que enfrentem a dura realidade do cotidiano nas escolas. Essa foi a principal constatação de uma pesquisa realizada pela Fundação Lemann com docentes de todo o país sobre o ensino no Brasil. Os professores relatam problemas como indisciplina, falta de acompanhamento psicológico para alunos e atraso na compreensão do conteúdo como os maiores empecilhos. Também foram citadas a remuneração inadequada, a falta de condições para a inclusão de alunos com deficiência e a sobrecarga de tarefas como itens que atrapalham o professor nas aulas. Quando os docentes apontam a ausência de apoio psicológico para os alunos como 0 item mais citado na pesquisa (21%) e, logo em seguida, a indisciplina (14%), demonstram a necessidade de uma reestruturação urgente do ensino, com vistas atender às demandas sociais e não só as da sala de aula. Nos casos em que o professor precisa se multiplicar para resolver tais pendências ex-tra-aula, o impacto negativo é grande, pois o olhar tem de ser desviado do quadro-negro. Estudantes da rede pública, boa parte provenientes de famílias carentes, levam suas dificuldades, desviando o foco do conteúdo. 0 apoio psicológico pode, além de liberar o professor para tratar só de assuntos didáticos, ajudar os alunos com problemas.

Outro fator, que ficou claro na pesquisa, é a desvalorização da carreira docente. Diferentemente de anos atrás, poucos são os bons alunos que rumam para os cursos técnicos de magistério ou às aulas de licenciatura, com intenção de seguir a carreira de professor, principalmente na rede pública. Enquanto não houver uma mudança estrutural que dê conta dessas demandas, corremos o risco de perder uma oportunidade ímpar de crescimento.

(Jornal de Brasília, 24/03/2015)

CNTE Informa 716

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