Resistência e luta na Venezuela

“Mesmo na ternura, nunca duvide da força do combate.” Foi com essa frase que o diretor-geral de Investigação e Formação do Ministério do Poder Popular para a Educação na Venezuela, José Humberto Guariguata Osorio, abriu sua fala no Encontro Pedagógico Latinoamericano: Educação Pública, democracia e Resistências.

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Ele conclamou a união dos povos latinoamericanos e falou da importância e do papel dos/as educadores/as na construção de uma nova ordem política e cultural, por meio da qual será possível não só alcançar o poder, mas saber o que fazer com ele a bem da humanidade.

Fez críticas aos métodos imperialistas e disse que eles (os EUA) não têm compromisso com a sociedade, não dialogam, não ouvem ninguém e não retrocedem. Disse isso, ao lembrar que há cerca de 1 ano e 4 meses, o presidente Barak Obama, reeditou um decreto no qual considera a Venezuela – que é uma pátria livre, a pátria de Hugo Chaves, de Nicolás Maduro e de todo um povo trabalhador – como sendo uma ameaça extraordinária e não usual aos Estados Unidos da América.

A medida ganhou repercussão no mundo inteiro e, de acordo com Guariguata,  esse é mais um processo de hostilidades e agressões contra a Venezuela, na medida em que ela reforça a ação de movimentos antidemocráticos e violentos da oposição. “Atacam a institucionalidade democrática de nosso país e ferem o princípio da soberania dos povos. Mas, esse decreto não é contra a Venezuela somente, ele ataca todos os povos da América Latina. Para todos aqueles que hoje nos apontam como uma ameaça reafirmamos que somos a esperança”.

Na Venezuela, o golpe foi militar. Mas, a forma de resistir a ele também se deu pelo aprendizado da luta e pelo processo de intervenção política, sendo que a educação também assumiu papel fundamental. “De maneira solidária e coletiva encontramos diversas maneiras de enfrentar o imperialismo e as muitas guerras que vivemos, seja no campo econômico, seja na disputa midiática e cultural. Essa guerra não é nossa! Muito antes de Chaves chegar ao poder, a mídia já dizia que pertencíamos ao eixo do mal. Portanto, essa é uma guerra política que envolve a direita e os paramilitares”, afirmou.

Resistir é preciso

Tudo isso o levou a fazer um convite à reflexão sobre o caráter do Encontro Latinoamericano, que sinaliza para outros pensamentos: o de que é preciso resistir e, para além de resistir, conquistar o poder e saber o que fazer com ele. Fortalecer a consciência política e a consciência crítica foi apontado como essencial na criação de uma nova cultura política, extremamente necessária para os povos latinoamericanos.

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Não ao discurso do dominador

Na Venezuela foi preciso romper o poder da burguesia, que estava de acordo com a constituição e com a ideologia do repressor, do dominador e a educação fez o dever de casa. Por meio do processo educativo, segundo Guariguata, é possível constituir o socialismo sem usar as armas do capitalismo.É primordial adotar novas formas de aprendizagem da produção coletiva do conhecimento.  “Se quisermos mudar a relação de produção do conhecimento, precisaremos também de uma nova cultura política e foi isso que aconteceu na Venezuela de Hugo Chaves. Ele nos deixou um legado sagrado, que é a Constituição da República Bolivariana da Venezuela. A partir daqui, passamos a ter um novo marco cultural, um novo modelo democrático, direto e com participação popular”, frisou.

E qual é o desafio posto?

Viver coletivamente e fortalecer as alianças do conhecimento mútuo, do apoio mútuo e do respeito mútuo. Há um pensamento marxista que diz que o ser social determina a consciência e um quadro social com visão mais clara. “Ou inventamos ou erramos e a resistência consiste em inventar e em fazer um trabalho intenso de uma nova produção coletiva cultural”.

Guariguata ensinou que é preciso inventar e aprofundar as alianças entre nós mesmos. “Estamos convencidos de que a esperança está mais viva do que nunca e a nossa convivência universal é que vai definir a autodenominação dos nossos povos”, defendeu.

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Essa mesa teve coordenação da diretora estadual, Maria Mirtes de Paula (Unaí) e Tiago Manggini, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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Textos: Studium Eficaz e Fotos: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG

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