Seminário internacional aborda conquistas sociais e problemas comuns

O 32º Congresso Nacional da CNTE teve início com um Seminário Internacional esta manhã em Brasília. Representantes ligados a sindicatos e organizações civis de 20 países participaram do debate sobre os desafios educacionais e a realidade da luta sindical por uma educação pública de qualidade.

Fátima Aparecida da Silva, secretária de relações internacionais da CNTE, destacou a importância da troca de experiência e o representante de Portugal, Mário Nogueira, lembrou a situação de crise vivida pela Europa e como isso tem impactado na educação do país: “O desemprego cresceu mais de 200%”, contou.  Para ele, o debate no seminário mostra que as dificuldades estão em diferentes países e pode ajudar na busca de soluções. A luta brasileira para destinar recursos do produto interno bruto para a educação, por exemplo, não está sozinha. O presidente da IE América Latina, Hugo Yaski, lembrou q a Argentina tem a mesma reivindicação.

Além de expor a conjuntura política e educacional em que vivem seus respectivos países, líderes da categoria nos países latino-americanos marcaram ampla presença no evento. Eles destacaram o momento político de integração que há entre as nações latinas atualmente e citaram os desafios sindicais e educacionais para 2014.

O colombiano Pedro José Hernandez Castillo, presidente da Asociación Sindical de Profesores Universitarios (ASPU), conta que muitos confrontos tem sido gerados porque a classe capitalista colombiana não se conforma com a constituição  1991, que institucionaliza um Estado de direito de forte caráter social. “Saímos de 10 anos de governos de direita e entramos em outro que quer melhorar a situação propondo uma transição”, afirma Castillo. “Apesar de a resistência capitalista ter aprovado reformas na constituição, há um acordo em dois pontos: reforma agrária e abertura política.”

No sentido da abertura política, os professores lutam contra a reforma privatizante e por uma renovação do ensino superior. Castillo cita algumas conquistas que os professores tiveram nas negociações com o governo. “Compactuamos a liberdade de cada universidade para criar um estatuto docente diferente, a possibilidade de tratar as negociações de forma coletiva.”

Jaime Gajardo, representante do Colegio de Profesores de Chile (CPC), foi otimista quanto às reformas sociais e trabalhistas para 2014. Ele comemorou a volta de Michelle Bachelet à presidência do Chile, que venceu as eleições no segundo turno, com 62% dos votos. “O tema de educação foi ponto central das discussões eleitorais”, afirma ele. “Conseguimos recuperar a educação pública e interromper o processo de privatização”.

Para ele, a expressividade das urnas reflete principalmente a indignação do povo ao modelo de educação que estava sendo construído. “Nosso país é um exemplo de educação de mercado”, avalia ele. “Para que isso serviu? Para gerar convergência de uma nova coalizão de governo”.

Ciro Bozo, representante da Confederación de Trabajadores de Educacion Urbana de Bolivia (CTEUB) também está otimista quanto às mudanças que estão por vir. “Não somos militantes do governo Morales, mas reconhecemos o que tivemos de mudanças no país”, afirma ele. Segundo Bozo, desde que o presidente assumiu o poder e instituiu a agenda de reformas, muitas leis sociais beneficiaram o povo com uma distribuição de riqueza mais justa.

De acordo com ele, os benefícios sociais na área da educação são representados pela queda do índice de analfabetismo e continuidade na profissionalização dos professores até o nível universitário. Além disso, o governo também auxilia financeiramente famílias de baixa renda a manter o filho na escola, assim como na aquisição de equipamentos para os professores.

Quanto aos desafios da política sindical, Bozo assume que é da responsabilidade dos professores lutar e defender direitos. “Temos 7% de reajuste e queremos 33%”, afirma. No entanto, avalia que a boa relação com o governo é uma grande conquista. “Nossa relação com o Ministério da Educação é muito boa, não fizemos nenhuma greve até agora”.

Alemanha, Canadá, Costa Rica, Espanha, França, Guiné Bissau, Haiti, Nicarágua, Paraguai, Portugal, República Dominicana, São Tomé e Príncipe e Uruguai também foram representados no seminário.

Todo o material produzido pelo debate será transformado em uma publicação que vai relatar a luta educacional em diferentes continentes. Além do seminário internacional os participantes do congresso terão mais 3 dias de debates com temas q envolvem o desenvolvimento e a inclusão social.

 (CNTE – 16.01.14)

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