Sind-UTE/MG acompanha visita técnica da Comissão de Educação da ALMG à E.E. Santos Dumont, atingida pela política de fusão de turmas

Na tarde do dia 28/8/2019 (quinta-feira), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) acompanhou a visita técnica da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Beatriz Cerqueira, à Escola Estadual Santos Dumont, em Belo Horizonte. O intuito da atividade foi fazer a escuta da comunidade escolar e avaliar o impacto do fechamento de sete turmas no ensino médio, sendo duas salas no 1º ano, duas no 2º e três no 3º ano.
“Essa visita é um processo de fiscalização do Legislativo. O que vimos na instituição é chocante e são consequências de uma política que não dialoga com a estrutura da escola, com a necessidade dos estudantes e com as/os educadoras/es. Vamos buscar soluções com o Ministério Público do Estado”, disse a deputada Beatriz Cerqueira.
A diretora da Subsede de Venda Nova, Marisa Vieira, afirmou que a medida atingirá outras regiões de Belo Horizonte. “Já trabalhei como professora na escola e ela tem um alcance importante, porque atende também outros municípios como Vespasiano, Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Pedro Leopoldo. É triste isso. Colocar educadores e estudantes em salas superlotadas desrespeita o processo de ensino-aprendizagem.”
Ao longo da visita, Beatriz Cerqueira, junto ao vice-presidente da Comissão de Educação, o deputado estadual, Betão, tiveram momentos de escuta com a direção da escola, alunas/os e professores. Também visitaram as salas de aula, que estavam superlotadas e com problemas de ventilação.
Desrespeito com os/as estudantes
“A mudança aconteceu de um dia para o outro e não nos respeitou.” Essa foi a fala que a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Denise Romano, escutou ao dialogar com os/as estudantes. A Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), sob o discurso de melhorar a qualidade do ensino, anunciou o fechamento de 225 salas de aula em todo o estado. A escola realizou a mudança do dia 26 para 27/8, sem qualquer consulta à comunidade.
Outro ponto também exposto foi o governo Zema desconsiderar o laço afetivo entre os/as adolescentes. “Já tínhamos grupos de trabalho, de amizade, de futebol, mas estamos separados/as. Ficou difícil estudar” disse um aluno do 1º ano.
Além disso, a instituição também atende estudantes com autismo e a fusão de turmas tem piorado o aprendizado. Professores relataram que, com as salas lotadas, alguns precisam usar microfones e o som, a temperatura dentro de sala e o pouco espaço de circulação aumentam o estresse para eles/as. Isso dificulta a permanência e convívio social no ambiente escolar.
Quem apresentou um caso concreto foi a mãe de uma das alunas prejudicadas pela política de Romeu Zema. “Minha filha sofre com depressão e esse novo modelo piorou a saúde dela. Não quer mais ir à escola. Gostaria muito que voltássemos como era antes.”
A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG afirmou que a proposta educacional do governador é uma violência contra toda a comunidade escolar. “Essa situação refirma que Zema encara a educação como números, analisando a escola a partir do metro quadrado e não como ferramenta de transformação social. Isso não só precariza a educação, mas também violenta as relações estabelecidas.”
Romeu Zema: Governo que cobra das/os educadoras/es, mas não cumpre seu papel de Estado
Assédio Moral no preenchimento do Diário Eletrônico Digital (DED), interrupção do projeto pedagógico, descumprimento do investimento mínimo Constitucional na pasta, realocação de educadores e parcelamento dos salários. Esses foram alguns temas que surgiram no momento de escuta aos educadores.
Cobrados pela SEE/MG, muitos/as relataram que tiveram seus nomes expostos pelo descumprimento do prazo no uso do DED, mas não receberam qualquer resposta em relação às falhas do sistema virtual. Ainda têm de lidar com salas superlotadas, desgaste vocal e realocação de aulas em outras instituições, como o caso do professor de biologia, Douglas Costa da Silva. Ele sempre sonhou em lecionar na E.E. Santos Dumont e, dois anos após a nomeação, deparou-se com a fusão de turmas. “Fiquei em terceiro lugar no concurso, mas excedente para a escolha das aulas. Estou com apenas quatro horários e, neste momento, procuro escolas mais distantes”, disse.
Falas emocionadas também surgiram, frisando o adoecimento da categoria com a política do governador Zema. “É desumano cobrarem resultados de todas e todos nós sem oferecer dignidade no ambiente de trabalho. Essa precarização da educação atinge alunos/as, professoras/es e as famílias.”
Sind-UTE/MG em luta pelo respeito aos trabalhadores e trabalhadoras em educação
A coordenação-geral do Sindicato se colocou a disposição para dialogar com toda a comunidade e lutar pela categoria. “O que está acontecendo aqui se estende a muitas escolas em toda Minas Gerais. Estamos na disputa e nossa perspectiva é reverter esse cenário. Querem nos impor a precarização do ensino e do trabalho, mas seguiremos incansáveis na busca pelo respeito e garantia de direitos. Quem promove a política educacional precisa conhecer as escolas e as comunidades. Resistiremos juntas e juntos”.
Após o final da visita técnica, a coordenação-geral seguiu para a Assembleia Legislativa, onde compôs a mesa de debate da audiência pública da Comissão de Educação, que debateu o fechamento de turmas no Instituto de Educação de Minas Geras (IEMG).
Fotos: Flavia Bernardo/ALMG e StudiumEficaz/Sind-UTE/MG
Compartilhe nas redes: