Sind-UTE/MG promove debate entre educadores durante Conferência da categoria

…A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte…

A abertura do segundo e último dia da VII Conferência Estadual de Educação foi marcada por atividades culturais e, mais uma vez, pode ser constatada na letra da música dos Titãs. Uma apresentação teatral, apresentada por representantes do Levante Popular da Juventude, que abordou a precarização das condições de trabalho dos profissionais da educação e retratou um novo modelo de ensino para Minas Gerais, abriu os trabalhos.

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Membros do Levante Popular da Juventude abordaram a precarização das condições de trabalho

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Essas são as nossas bandeiras  

Em seguida, foram exibidas duas propagandas da campanha de mídia do Sind-UTE/MG, protagonizadas pelo ator e comediante Carlos Nunes, que arrancou gargalhadas do público presente. O humorista intercalou as piadas com reflexões a respeito da realidade da educação mineira. “Ser professor é ter a vocação de mudar a vida das pessoas e a educação é um dos instrumentos essenciais para essa transformação.”

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Humorista/Comediante Carlos Nunes

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Humorista/Comediante, Carlos Nunes, emocionou conferencistas

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Educadores durante momento cultural

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Ezinho se divertiu com o espetáculo de Carlos Nunes

Querem calar os educadores!

A professora Beatriz Cerqueira explica que, até o momento, existem sete representações da coligação encabeçada pelo PSDB contra o Sind-UTE/MG, em função da campanha de mídia. “Incomodou muito relatarmos a realidade da educação em Minas Gerais! Não incomodou a realidade, incomodou contarmos sobre esta realidade!

Uma educação para Minas é possível: o olhar do Movimento Social

Este foi o tema do debate. A discussão foi mediada pelos educadores Manoel Rosalvo e Feliciana Saldanha e contou com a participação do ex-diretor do Sind-UTE/MG e chefe do Departamento de Comunicação Social da PUC MG, Ércio Sena, da coordenadora do movimento Levante Popular, Priscila Araújo, do cientista social e integrante da articulação dos movimentos sociais Quem Luta Educa, Frederico Santana, do secretário geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, da pedagoga, mestre e doutora em educação do Movimento dos Sem Terra (MST), Sônia Rozeno, do presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (Ames-BH), Lincoln Emmanuel e da coordenadora estadual do movimento Levante Popular da Juventude, Priscila Araújo.

Frederico Santana defendeu a unidade dos movimentos sociais. “Precisamos nos conscientizar de que a transformação deve se dar por meio de participação popular, não só no âmbito da mobilização, mas também por representação no Poder Legislativo.” Ele afirmou que a classe trabalhadora tem uma oportunidade de derrubar o projeto político neoliberal. “Apenas 8% do Congresso Nacional é formado por negros e apesar de 40% do nosso eleitorado ser constituído por jovens, apenas 2% deles ocupam vagas no parlamento. É necessário termos representações que dialoguem com os trabalhadores e movimentos sociais.” Santana lembrou a recente comemoração de um ano do jornal Brasil de Fato, edição Minas Gerais e sugeriu a regionalização do jornal com clichê para todo o Estado. Segundo ele, o objetivo é conscientizar a população e viabilizar uma outra Minas Gerais e uma outra educação para o Estado.

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Frederico Santana defendeu a unidade dos movimentos sociais

O protagonismo dos trabalhadores em educação foi destacado em vários momentos do debate. Jairo Nogueira lembrou da greve de 112 dias, promovida pelos educadores em 2011, como sendo um grande marco na aglutinação de forças entre sindicalistas e movimentos sociais. “Naquele momento nós conseguimos promover uma grande discussão com a sociedade sobre a precária realidade dos educadores e agora é o momento de não deixar que o projeto da elite governamental continue a vigorar em Minas Gerais. Temos que promover este debate junto à sociedade.”

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Jairo Nogueira lembrou da greve de 112 dias

A pedagoga do MST, Sônia Rozeno, mostrou a realidade do trabalhador do campo abordando algumas conquisas da categoria como a sanção da Lei Federal 12.960, de 27 de março de 2014, que impõe obstáculos ao fechamento de escolas indígenas e quilombolas em regiões rurais. Entretanto, ela afirma que tais avanços não contemplam todas as necessidades da população nestas localidades. “Aproximadamente 70% do alimento que vai para a mesa do povo vem da agricultura familiar, portanto não é possível que investimentos não cheguem de forma significativa para essas pessoas.”

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Sônia Rozeno  mostrou a realidade do trabalhador do campo

O presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (Ames-BH), Lincoln Emmanuel, lembrou do choque de gestão promovido pelo governo mineiro do PSDB, que trouxe inúmeros prejuízos à classe trabalhadora. “Os educadores são obrigados a cumprir tripla jornada, sem condições dignas de trabalho. Isso tem impacto negativo na qualidade do ensino ministrado aos alunos, uma vez que o professor não tem tempo hábil para uma adequada elaboração das aulas.”

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Lincoln Emmanuel lembrou do choque de gestão promovido pelo governo mineiro

A coordenadora estadual do movimento Levante Popular, Priscila Araújo, seguiu o mesmo raciocínio. “Temos que pensar uma nova realidade educacional envolvendo, não só os trabalhadores da comunidade escolar, mas também toda a sociedade. É vital pensarmos em um novo modelo de ensino no Brasil”.

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Priscila Araújo defendeu uma nova realidade educacional

Por outro lado, investimentos em educação são enxergados como gastos que devem ser cortados. De acordo com o ex-diretor do Sind-UTE/MG e chefe do Departamento de Comunicação Social da PUC MG, Ércio Sena, essa é a visão do Governo em Minas Gerais. Ele defende uma imediata mudança de paradigma neste cenário. “A educação tem que centralidade nos mais pobres, para que possamos vislumbrar uma sociedade mais instrumentalizada do ponto de vista intelectual.” Sena fez um apelo pela democratização dos meios de comunicação, que estão dominados no Brasil, historicamente, por uma minoria.

Moção de Apoio

Na oportunidade foi aprovada uma Moção de Apoio à greve da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), contra o desmonte das universidades no Estado.

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Educadores aprovam Moção de Apoio à greve da Universidade Estadual de Minas Gerais

Balanço – Educadores e membros de movimentos sociais avaliaram positivamente a Conferência. A coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragem, Soniamara Maranho, ressaltou o importante papel da Conferência, tendo em vista o atual cenário social vigente. “Nos últimos anos tem ocorrido um processo pesado de criminalização e judicialização dos movimentos sociais e sindicais por parte do Estado. Essa é a forma que os governos encontraram para minar nossas forças, mas esse evento demonstra a unidade de todos que será fundamental para mudarmos a atual conjuntura política”.

O diretor de escola, Oldair Ribeiro Moraes, destacou as palestras como um ponto alto do encontro e afirmou a importância do Sind-UTE/MG para a categoria. “O Sindicato é o guardião da classe trabalhadora e nós temos que fortalecer ainda mais a nossa entidade representativa.”

A professora Eurides dos Santos Cruz partilhou da mesma ideia e disse que a pluralidade de temas abordados na Conferência foi o destaque da atividade. “Este é um momento formativo e informativo para a categoria, pois estamos fora do ambiente escolar para potencializarmos discussões e reflexões sobre o cenário educacional.”

Fotos: Lidyane Ponciano / Lidyane Ponciano FotoImagem

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