Sind-UTE/MG realiza Encontro Estadual de Aposentados com cerca de 2 mil participantes

Educadores mineiros aposentados dão exemplo de mobilização

A emoção marcou o primeiro dia do Encontro Estadual dos Aposentados, que acontece de 28 a 30 de novembro, no Hotel Resort Tauá, em Caeté, realizado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). Educadores aposentados respondem a mais um chamamento do Sindicato que, desta vez, é uma atividade em comemoração aos 35 anos da entidade.

Mil e setecentos filiados, vindos de todas as regiões do Estado, participam do evento, que teve início nessa sexta-feira (28/11). Na mesa oficial de abertura, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, destacou a expressiva participação dos educadores aposentados. “Vocês representam a história da entidade e dão exemplo de comprometimento com a luta da categoria.”

Foi apresentado o Vídeo Institucional 35 anos do Sind-UTE/MG, com depoimentos importantes que contam a história da trajetória vitoriosa de luta dos trabalhadores da educação mineira, desde a sua fundação (UTE), em 1979.

A representante da CUT/MG, Feliciana do Vale Saldanha, saudou os participantes reforçando que o papel da Central é apoiar a luta das diversas categorias em Minas Gerais. “A Central Única dos Trabalhadores e o Sind-UTE/MG têm, ao logo do tempo, construído uma história conjunta.”

Pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) participou o secretário de Aposentados e Assuntos Previdenciários, Juscelino Linhares Cunha, que se diz impressionado com o evento em Minas. “Nunca vi um Encontro Estadual de Aposentados como esse, com tantos educadores, até mais que um encontro nacional”, destacou. Segundo ele, os problemas vivenciados pelos aposentados são os mesmos no país afora, por isso, é importante manter a união dos trabalhadores afim de conseguir as melhorias que beneficiam ativos e aposentados, como a luta pelo piso nacional da categoria.

Homenagem

A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, fez uma homenagem ao professor e sindicalista, Luiz Fernando Carceroni, falecido no último dia 22 de novembro. Ela lembrou o cotidiano do aguerrido dirigente sindical, que emprestou sua coragem quando esteve à frente de difíceis combates travados pelo Sind-UTE/MG, em defesa dos interesses dos profissionais da educação. “Luiz Fernando Carceroni fez da sua vida uma trajetória de lutas que nos possibilitou chegar onde estamos”.

Foi distribuído um folder com fatos marcantes de sua vida, entre elas, passagens de sua luta na greve de 1980, quando ele liderou o movimento juntamente com outros companheiros, foi preso no DPS e fez greve de fome.

Carceroni foi também uma das lideranças sindicais que se mobilizou para a criação da União dos Trabalhadores do Ensino (UTE), em 1979. Um marco histórico no movimento sindical mineiro e brasileiro, compartilhado com muitos outros guerreiros e guerreiras como a ex-presidente da então UTE, Rosaura Magalhães e a vice-presidente da primeira direção da entidade, Malvina Pessota da Silva, presentes ao evento.

Em um verdadeiro reencontro de gerações, elas fizeram relatos emocionantes da construção da luta na educação, desde a primeira direção da UTE. “Eu estava lá como Auxiliar de Serviços Gerais para participar, reivindicando melhorias para a categoria, que não recebia sequer o salário mínimo. A gente comia arroz com farinha e sentia o cheiro de carne que vinha da casa dos vizinhos”, lembrou emocionada Malvina. “Depois de passados tantos anos ainda falta o reconhecimento por parte do governo do Estado. Por isso, continuamos na luta pela valorização dos educadores e pelo respeito ao direito adquirido”, destacou Rosaura.

Conferência

Atriz e uma das fundadoras do Grupo Galpão, Teuda Bara, falou da sua trajetória de vivência e militância na arte e na educação. Segundo Teuda, a arte na educação cumpre um importante papel de trazer a cultura e a efetividade para dentro das escolas como meio agregador, como por exemplo, de combate à violência. “Educação e arte caminham juntas e não tem como separa-las.”, afirmou.  A mesa contou com a coordenação das diretoras Zaílde Figueiredo e Mirtes de Paula.

Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação, Políticas Sociais e Direitos Humanos

Esse foi o tema de debates que abriu os trabalhos do Encontro, no sábado, com os convidados: Mônica Maria de Souza, professora de Ciências, diretora estadual e de formação do Sind-UTE/MG e o economista e especialista em Direitos Sociais, José Prata de Araújo. A mesa foi coordenada pela diretora estadual, Marilda de Abreu Araújo.

José Prata destacou a importância histórica da luta sindical no período da Ditadura Militar onde o uso da força militar se sobrepunha a qualquer direito.  “As conquistas de hoje são frutos das gerações passadas que pressionaram os governos ditatoriais extremistas e reacionários. O neoliberalismo no Brasil e no mundo vieram para acabar com anos de lutas e conquistas sociais. Não podemos aceitar retrocesso, temos que preservar as nossas conquistas”, defendeu.

Para o economista, a Previdência Social foi a principal parceria da mulher, reconhecendo antes mesmo da Constituição Federal a união estável como fator garantidor dos direitos femininos e posteriormente estendeu à mulher a titularidade da Previdência, contribuindo para a sua emancipação e inserção ao mercado de trabalho.

Para Mônica Maria de Souza o Sindicato sempre esteve à frente, com os movimentos sociais na batalha conjunta em defesa dos direitos dos trabalhadores em educação. “É nossa marca a luta pela melhoria da sociedade de maneira geral”, afirmou.  Ela julga impossível defender a educação sem defender a escola pública. “A UTE foi precursora porque entendeu a luta pedagógica como parte da luta sindical dos trabalhadores do ensino. Construímos uma história que nos faz iguais e únicos, desde 1979, num movimento que surgiu da base, por isso somos fortes”, concluiu.

Gênero e Poder, e Reforma Política

Em seguida, a mesa de debate foi Gênero e Poder, que contou com os convidados: Maura Gerbi, professora de Língua Portuguesa na rede privada, em Timóteo, presa política e anistiada pela Comissão Nacional da Verdade e Anistia e o deputado estadual, Rogério Correia, sob a coordenação da diretora estadual, Feliciana do Vale Saldanha.

Maura Gerbi fez um resgate histórico do movimento sindical no cenário político desde a época da ditadura até os tempos atuais. “É uma tendência das elites se apropriarem das nossas histórias como se fossem os únicos protagonistas das questões político-sociais no País”, afirmou. Ela entende que a sociedade hoje está mais organizada, mais consciente dos seus deveres e da cidadania. “Se quisermos democracia de fato não devemos votar apenas, mas, contribuir para o destino do País.” Avalia que a sociedade deve se mobilizar por questões como reforma política, redemocratização da mídia e reforma agrária.

Na questão de gênero, Maura afirma que a discriminação e a desigualdade são uma realidade. “Resistimos à ditadura civil militar de 64, defendendo objetivos gerais e, atualmente, precisamos abraçar a política com generosidade. A mulher luta e é generosa porque quando ela avança, ampliam-se as conquistas para toda a sociedade”, concluiu.

O deputado Rogério Correia afirmou ser necessário aprofundar no debate sobre as reformas, incluindo a participação dos movimentos social e sindical nas discussões nacionais. “Não acredito que a reforma política será feita pelo Congresso Nacional. É fundamental a participação popular nessa discussão. Nesse sentido, o Plebiscito pela Reforma Política já atingiu 7,5 milhões de assinaturas, o que representa uma politização dos brasileiros ansiosos, por com mudanças estruturais que, necessariamente, precisam passar antes pela reforma política.”

Compartilhe nas redes:

Nenhum resultado encontrado.