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Um país fraturado: Nossas elites preferem rifar a democracia e o Estado de Direito a diminuir as desigualdades

  • 13/05/2016


“… A noite anoiteceu tudo o mundo não tem remédio os suicidas tinham razão.” ….
Havemos de amanhecer! O mundo se tinge com as tintas de antemanhã e o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora.”
(C.D.A. 1939)

Na noite de quarta para quinta-feira desta semana, o Senado da República deu mais um passo para a consolidação do golpe parlamentar que pretende afastar definitivamente Dilma Rousseff do cargo de Presidente da República. Trata-se do coroamento de um longo processo que se inicia com o questionamento ao resultado das eleições de 2014, feito pelos candidatos derrotados, e teve continuidade nas manobras legislativas que impediram a Presidente de governar; na instalação e condução do processo de impedimento conduzido pelo presidente da Câmara dos Deputados, hoje afastado por corrupção; no espetáculo vergonhoso de votação do processo na Câmara; na recusa do Supremo Tribunal Federal em assumir sua função de defensor da Constituição e, finalmente, na cumplicidade de um Presidente do Senado também ameaçado de afastamento por corrupção.

Não bastasse tudo isso e o fato de contra a Presidente afastada não figurar qualquer acusação de corrupção ou de não se ter demonstrado que tenha cometido crime de responsabilidade, única condição prevista na Constituição para o impedimento de um Presidente da República, tudo isso foi realizado com o apoio de amplas parcelas da população, do Parlamento e, notadamente, do grande empresariado e da maioria esmagadora dos meios de comunicação.

Frente a isso, houve uma reação organizada dos movimentos sociais, de ativistas, políticos e intelectuais que sempre estiveram na defesa da democracia e do Estado de Direito. E não apenas isso. A reação ao golpe reuniu, sobretudo, aqueles que lutam por um país mais justo e menos desigual. Na verdade, essa é a senha fundamental para entendermos tudo que acontece hoje no país. O que se pretende encobrir com a fumaça do combate à corrupção é a recusa despudorada de nossas elites a qualquer tentativa de diminuir a vergonhosa desigualdade que marca a sociedade brasileira.

Todo o processo de impedimento conduzido pelo Parlamento, com o expressivo apoio das camadas médias, do grande empresariado e dos meios de comunicação, representa um desnudamento da sanha predatória e autoritária de nossas elites em relação às nossas riquezas e ao conjunto da população.

O país não está, hoje, mais dividido do que sempre esteve. O que há de diferente, hoje, é o desnudamento da aversão de nossas elites a aceitarem as mínimas conquistas sociais e a sua capacidade de tudo sacrificar em defesa de seus mais sórdidos interesses. É também diferente a recusa dos militares, apesar de ostensivamente convocados, a assumir algum protagonismo no golpe, impôs a necessidade de que os arautos do autoritarismo e do Estado de Exceção dessem as caras. E essas caras nos são bem conhecidas deste há muito!

Junto com o Governo Temer, que muito temos a temer, assume o que há de pior da política brasileira. Seu projeto de governo, a tal Ponte para o Futuro, aponta, na verdade, para o mais obscuro passado. As reformas pretendidas e anunciadas, se exitosas, significarão um ataque frontal ao pouco, muito pouco, que conquistamos nas últimas décadas. Dos direitos sociais e políticos às políticas de reconhecimento, tudo está em questão para Temer e seus apoiadores. É preciso, para eles, liberar a sociedade do Estado e, se possível, daqueles setores que lutam a favor de mais direitos, das garantias sociais e militam pela maior igualdade.

Se sob a fumaça do combate à corrupção vicejam a manutenção das desigualdades, a desfaçatez política, o autoritarismo, o pouco apreço pela ordem democrática, o ataque aos direitos e às diferenças será preciso, mais uma vez, reunir energias e mobilizar o melhor de nossas tradições para defender árduas conquistas. Essa é a nossa responsabilidade e o tempo é agora!

FONTE: Editorial Pensar a Educação Pensar o Brasil



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