Energúmeno: a autoconfissão na Presidência na República

Indivíduo bossal, possuído pelo demônio, desprezível, que não merece confiança. Essas são as definições que o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa apresentam à palavra “energúmeno”.

No último dia 16/12/2019, essa mesma expressão foi dita por Jair Messias Bolsonaro, presidente temporário da República, sobre o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Reglus Neves Freire. A lamentável e constrangedora cena ocorreu quando ele falou sobre a não renovação do contrato com a associação responsável por gerir a TV Escola desde 1995.

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) repudia, profundamente, a tentativa de desqualificar o filósofo, escritor, educador pernambucano e um dos pensadores mais estudados e reconhecidos internacionalmente. Freire foi responsável por ressignificar o processo de alfabetização de jovens e adultos no país, demonstrando que o aprendizado se faz a partir da vida concreta.

Ao longo dos 40 anos de lutas e conquistas do Sind-UTE/MG, aprendemos a valorizar, escutar e enaltecer aqueles/as que colocaram a educação na vanguarda democrática do país. Prioridade/responsabilidade de um chefe de Estado.

Na atual conjuntura, de cortes na verba da educação básica e superior, de ataques à liberdade de cátedra, de completa desqualificação política na gestão ministerial, temos o dever de não aceitar a imposição da mediocridade.

Em sua tentativa falha de diminuir a importância do educador Paulo Freire, Bolsonaro se autodenuncia e apresenta seu esforço em ser pouco, ocupando o maior cargo de comando do país. Entretanto, ser pouco na institucionalidade, sobretudo na Presidência da República, não é ser inofensivo. É ignorar cinicamente a responsabilidade com os mais de 200 milhões de brasileiros e brasileiras, os quase 13 milhões de desempregados, os mais de 10 milhões de analfabetos. É contrariar a urgência em construir um país para muitos e muitas, sob a educação pública, crítica e libertária.

De maneira geral, a autoconfissão nos garante definir, previamente, quem está ocupando o Governo Federal. Mostra-nos também como a sociedade está sendo adoecida pelo vazio dos covardes.

Em 2021, o Sind-UTE/MG, as comunidades escolares, acadêmicas e todos os/as profissionais da educação comemorarão o centenário de Paulo Freire. Ele atravessou a história, consolidou a humanidade e educação como caminhos possíveis para romper com as desigualdades sociais e construir uma sociedade democrática.

Energúmenos violam direitos, violentam a classe trabalhadora, envergonham um país. Retrocedem.

Mas, Freire nos ensinou a ter esperança, inclusive, sendo ela um verbo capaz de produzir ação concreta. Esperançar. Então, seguiremos esperançando e, diuturnamente, lutando contra a ignorância e em defesa das trabalhadoras e trabalhadores em educação.

Viva Paulo Freire!

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