Professores sob Pressão: Tabagismo, alcoolismo e estresse ameaçam a saúde mental e física dos educadores, alerta Pesquisa

Tabagismo, alcoolismo, excesso de peso e comprometimento da saúde mental são fatores de risco frequentes para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) entre professores(as), aponta a pesquisa Fatores de Risco e Proteção para DCNT entre Professores da Educação Básica.

Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas são exemplos de DCNT. Elas são um dos principais desafios de saúde pública, pois são as principais causas de morte no Brasil e no mundo.

DCNT causam cerca de 35 milhões de mortes por ano e são caracterizadas pelo alto ônus social, devido aos impactos que causam também na qualidade de vida e no trabalho

Divulgada neste ano na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, o trabalho produzido por pesquisadores(as) da UFMG e da UNIMONTES, levantou dados em 2018, bem antes da pandemia de coronavírus, o que sugere que a saúde dos(as) educadores(as) pode estar ainda pior.

O objetivo da pesquisa foi descrever as prevalências de fatores de risco e de proteção para DCNT e testar associações desses fatores com sexo, idade e satisfação com o trabalho. Os dados foram coletados junto a 745 professores(as) de Montes Claros (MG), de 21 e 67 anos de idade.

Entre os fatores de risco, observou-se entre professores(as) alta prevalência de substituição de refeições principais por lanches (91,7%), índice de gordura corporal elevado (89,4%), excesso de peso/obesidade (53,3%), sintomas depressivos (23,2%), estresse (40,3%), alto índice de gordura no sangue (24,3%) e hipertensão arterial (17,5%). 

Quanto aos fatores de proteção contra DCNT entre professores(as), a pesquisa constatou prevalências de consumo de hortaliças e legumes (68,3%), de ativos fisicamente (48,7%), dieta balanceada (43,1%), além da expressiva proporção dos que nunca fumaram (87,5%)

“Entre professores, os desafios da docência colaboram para a ocorrência de problemas de saúde física e mental, podendo colocar esses profissionais em risco diferenciado para determinadas doenças/condições que promovem o absenteísmo ou incapacidade de trabalhar”, diz a pesquisa.

Professores(as) apresentaram mais que o dobro de prevalência de sintomas depressivos, quando comparados(as) com os(as) adultos(as) brasileiros(as) investigados(as) pela Pesquisa Nacional de Saúde (23,2% vs 9,7%).

A pesquisa cita dados do estado de São Paulo que apontam a concessão de mais de 128 mil licenças médicas a professores(as) da educação básica em 2016, totalizando 2.901.529 dias de afastamento. “Os números refletem a sobrecarga a que são submetidos, pois o ritmo intenso de trabalho dificulta a adoção/manutenção de hábitos saudáveis”, aponta o estudo.

“Somando-se a isso, essa categoria profissional é comumente submetida a altos níveis de estresse e desgaste profissional (burnout), fatores também reconhecidos como de risco para muitas DCNT”, registram os(as) pesquisadores(as).

:: Mantenha-se informado(a)! Receba notícias do SIND-UTE/MG no seu WhatsApp, clique aqui ::

Insatisfação com o trabalho 

Todos os sintomas psicopatológicos tiveram prevalência muito maior entre professores(as) insatisfeitos(as) com o trabalho quando comparados(as) aos(às) satisfeitos(as). 

O abuso da internet também foi muito mais prevalente entre professores(as) insatisfeitos(as), se comparados aos satisfeitos com o trabalho. “Já foi verificado que a adicção em internet esteve associada ao maior índice de transtornos do humor e à baixa autoestima, o que também favorece maior frequência de sintomas psicopatológicos entre os professores insatisfeitos com o trabalho”, registram os(as) pesquisadores(as).

A excessiva carga de trabalho poderia expor os(as) professores(as) à maior prevalência de sintomas de transtornos mentais. Nesse caso, a presença de outros fatores poderia estar envolvida, entre eles a pressão no trabalho, o apoio social deficiente e a falta de controle sobre o trabalho.

Entre professores(as) os sintomas de burnout não apresentaram diferença significativa entre os sexos. Considerando a faixa etária, o burnout atinge mais os(as) professores(as) mais jovens. A pesquisa estima que os(as) professores(as) mais velhos(as) estão mais capacitados(as) a lidar com as situações na sala de aula, pois podem contar com habilidades profissionais adquiridas ao longo do tempo.

Vantagens

O estudo mostra que a situação dos(as) professores(as) é melhor que a dos(as) adultos(as) brasileiros(as) nos seguintes fatores: consumo regular de hortaliças e legumes (68,3% x 36,5%), consumo regular de frutas/suco natural (47,3% x 24,1%) 13 , indivíduos ativos fisicamente (48,7% x 39%), tabagismo (20% x 9,8%) , ex-fumantes (10,3% x 21,2%) 13, consumo abusivo de álcool (2,4% x 18,8%), consumo regular de refrigerantes/suco artificial (4,6% x 15%), consumo de carnes com excesso de gordura (19,6% x 29,4%), assistir à televisão por mais horas (19,6% x 62,7%), diagnóstico de hipertensão (17,5% x 24,5%), diabetes (2,5% x 7,4%), excesso de peso (36,6% x 55,4%) e obesidade (16,5% x 20,3%).

Em contrapartida, professores(as) apresentaram pior situação que adultos(as) brasileiros(as) quanto ao consumo elevado de sal (22,8% x 15,6%) e à substituição de refeições principais por lanches (91,7% x 16,2%).

:: Entre no nosso canal do WhatsApp. Clique aqui ::

Compartilhe nas redes:

Nenhum resultado encontrado.