Trabalhadores/as em educação de Rio Acima fazem greve e recebem salário de fome!

Trabalhadoras e trabalhadores em educação do município de Rio Acima, região metropolitana de Belo Horizonte, fizeram a maior greve da história da cidade e tiveram como resultado cortes em seus salários – que já eram pequenos – este mês. Foram ao total 26 dias em greve, pela valorização das carreiras na educação.

O município possui cargos na educação que recebem abaixo de um salário mínimo-base, ou seja, menos que o mínimo nacional vigente, assim como, professores que não recebem nem ao menos o piso nacional do magistério.

Os grevistas em negociação com a prefeitura, reivindicavam além do salário mínimo como salário-base, o piso nacional e o reajuste de 14,95% estabelecido para o ano de 2023.

O prefeito, conhecido como Felipe do Waldiney (PDT), alega que não há como atender às reivindicações das trabalhadoras/res, pois não há orçamento compatível. Mas, curiosamente, há diversas irregularidades no atual Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (CACS-FUNDEB). As prestações de contas não foram apresentadas aos trabalhadores, assim como não estão publicadas, como deveriam, segundo a lei de acesso a informação e a lei que regulamenta o CACS-FUNDEB.

O Núcleo Rio Acima do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) tem solicitado desde o final de 2022 a prestação de contas. Mas, sem retorno por parte do CACS, da prefeitura e da Secretaria Municipal de Educação.

Diante da inflexibilidade do prefeito em não negociar algo diferente dos 6% de reajuste no salário e pagamento de verbas remuneratórias para complementação dos salários abaixo do mínimo, e da ameaça de corte dos dias em greve, os trabalhadores optaram por finalizar a greve. Aceitaram a proposta da prefeitura desde que houvesse uma mesa de negociações ao longo do ano com apresentação das contas do FUNDEB e análise de propostas futuras de novos reajustes salariais.

O sindicato e trabalhadoras/es se comprometeram a repor os dias de greve e mantiveram-se abertos ao diálogo quanto ao calendário de reposição. Mas, no dia 6 de julho, foram surpreendidos com a decisão unilateral do prefeito, quanto ao corte. “Eu que já não recebo nem um salário mínimo direito, não vou ter nem como, colocar comida em casa, com o corte” alega uma das trabalhadoras da categoria das serventes escolares que atualmente tem o salário-base de R$ 1.073,00. “Eu não tenho nem como ir trabalhar este mês, pois moro em outra cidade e o que recebi este mês não pagaria nem a minha gasolina para deslocamento. Estou desesperada, não sei o que fazer. Foi uma covardia!” desabafa uma professora da educação infantil. “É revoltante estarmos lutando por um salário digno, com legitimidade pois, já vivenciamos constantemente a dificuldade financeira e prefeito fazer isso! Nem na greve histórica de mais de 100 dias no estado o governador cortou o ponto, o prefeito de Rio Acima é um ditador!” expressa a secretaria escolar que com o corte receberá R$300,00 de remuneração em julho.

Daniela Campolina, professora e diretora do Núcleo Sind-UTE, Rio Acima vinculado a Subsede de Ouro Preto, diz que a corte teve o objetivo de punir e era desnecessário visto que na negociação com o prefeito, houve o compromisso dos trabalhadores em repor os dias, desde que não houvesse o corte. “Temos denunciado diversas irregularidades no Conselho do Fundeb e solicitado informações oficialmente, isso parece que está incomodando a gestão municipal. Além do nosso movimento grevista que foi histórico e muito organizado. Apesar do impacto que os cortes trarão para os trabalhadores, comércio local e comunidade escolar, não vamos cessar nossa luta. Considero que estamos inciando uma nova fase de luta que demandará novas ações e estratégias.” afirma Daniela.

Em resposta a essa situação, o Sind-UTE fará o Dia D nesta quarta-feira, dia 12 de julho, com uma programação de ações que iniciará às 14h e irá até as 20h. Às 14h será o ato público de repúdio em frente a prefeitura. De 14h às 18h haverá atendimento jurídico presencial e entrega de cestas doas pelo Sind-UTE/MG aos trabalhadores grevistas em uma tenda em frente a quadra de esportes, na Av. Afonso Pena, próximo a Prefeitura. E à noite de 18h30 às 20h haverá uma assembleia com as categorias abaixo do mínimo (serventes, vigias e porteiros) e professoras da educação infantil (P1) para orientações jurídicas e organização de próximas ações.

Daniela Campolina, professora e diretora do Núcleo Sind-UTE Rio Acima vinculado à Subsede de Ouro Preto

Foto: Divulgação

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